Dados do Trabalho


Título

SINDROME DA EFUSAO UVEAL E GLAUCOMA AGUDO BILATERAL CAUSADO POR TOPIRAMATO

Introdução

Topiramato é uma medicação sulfa monossacarídica utilizada para tratamentos neuropsiquiátricos, e atualmente como terapia para emagrecimento(1,2). Os efeitos colaterais oftalmologicos são raros: anteriorização do cristalino, miopização transitória, glaucoma de ângulo fechado, síndrome de efusão ciliocoroidal(1,3). Geralmente, essas complicações manifestam-se precocemente no curso da terapia, com resolução após a descontinuação da droga. Nosso objetivo é relatar um caso de glaucoma agudo bilateral de ângulo fechado cursando com síndrome de efusão uveal e descolamento de coroide, ocorrido no 7º dia de uso de Topiramato.

Métodos

Relato de caso de paciente MB, 48 anos, masculino, que compareceu ao pronto socorro oftalmologico queixando-se de turvação visual iniciada no mesmo dia. Sem antecedentes oftalmológicos. Ao exame oftalmológico, acuidade visual OD 20/20 (plano) e OE 20/40 (-2,00 -1,00 a 155°). Mapeamento de retina AO constata descolamento de coroide. No dia seguinte, referia dor ocular após dilatação. Durante anamnese é confirmado o uso de topiramato 50mg num composto para emagrecimento (fluoxetina, orlistate, aloína, garcinia, ranitidina e topiramato). Biomicroscopia AO com câmara anterior rasa. Pressão intraocular (PIO) de 52 e 49 mmHg. Novo mapeamento de retina confirma em OD descolamento de coróide em região temporal, inferior e nasal e OE descolamento de coróide temporal.

Resultados

Paciente foi manejado para crise de glaucoma agudo, com controle da PIO no segundo dia, porém mantinha descolamento de coroide. Prescrito corticoide tópico 4/4hs, prednisona 40mg/dia VO e repouso. No 9º dia de seguimento apresentou recuperação total da coroide. A prevalência da síndrome de efusão ciliocoroidal é 3/100.000 em usuários de topiramato, mais frequente em mulheres(2). O mecanismo de ação provável é edema do corpo ciliar, resultando em efusão uveal, deslocamento anterior irido-cristaliano, miopização, diminuição da profundidade da CA, e fechamento do seio camerular sem bloqueio pupilar. Descolamento de coróide está frequentemente associado ao quadro(1,2,4,5). Geralmente, a redução da PIO se dá em horas a dias após a suspensão da droga (4,7). A iridotomia não é tratamento de escolha por não haver bloqueio pupilar(7).

Conclusões

Devido à ampliação do espectro de uso do topiramato, ver-se-á com mais frequência efeitos colaterais oftalmológicos(1,2), alguns com potêncial de sequela visual. Reiteramos a importância da identificação da causa, manejo rápido e suspensão da droga.

Palavras Chave

Doenças da coroide; Doenças da úvea; Glaucoma de ângulo fechado; Glaucoma induzido quimicamente; Topiramato;

Arquivos

Área

Retina

Instituições

HOSPITAL CEMA - São Paulo - Brasil

Autores

NATALIE LUCAS FERNANDES, IMMAN Fuad Khattab HASSAN, MARINA Di Pasquale GRANATA, ANTONIO SERGIO FRANCA NEVES