Dados do Trabalho


Título

ULCERA MARGINAL HERPETICA – RELATO DE CASO

Introdução

O vírus Herpes simplex é responsável por várias doenças da córnea, sendo mais comuns as úlceras dendrítica e geográfica. Porém, há ainda uma manifestação mais rara, a ceratite marginal, geralmente subdiagnosticada, caracterizada por uma úlcera próxima ao limbo com infiltrado estromal anterior nas margens e injeção limbar adjacente. Visamos relatar um caso raro de ceratite marginal herpética para ressaltar a importância de considerar o vírus Herpes como possível etiologia diante de uma úlcera marginal e de distingui-la dos demais diagnósticos diferenciais, evitando tratamentos errôneos que podem resultar na progressão da lesão e sequelas graves ao paciente.

Métodos

Relatar o caso de paciente de 68 anos, do sexo masculino, natural e procedente de Trindade-GO, negro, serralheiro, atendido no Pronto Socorro do Centro de Referência de Oftalmologia (CEROF) da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia-GO no ano de 2018.

Resultados

O paciente em questão chegou com sensação de corpo estranho e hiperemia em olho direito há 30 dias. Negava trauma, cirurgia ou comorbidade. Ao exame: olho direito com conjuntiva hiperemiada; córnea com úlcera periférica nasal, de base limpa, com infiltrado inflamatório ao redor das margens e neovasos limbares adjacentes. Realizada pesquisa da sensibilidade corneana, estando reduzida no olho direito. Como o serviço não dispõe de exames confirmatórios para infecção herpética, foi iniciado teste terapêutico com aciclovir oral, havendo boa resposta. Durante a evolução foi necessária adição de corticoide tópico em baixa dose para combate do componente inflamatório associado, com melhora progressiva e resolução completa do quadro.

Conclusões

Devido à melhora com aciclovir, firmou-se a hipótese viral. Isso foi possível pelo conhecimento prévio desse raro tipo de ceratite e pela capacidade de diferenciação dos demais diagnósticos diferenciais, principalmente a úlcera catarral. A ceratite marginal herpética inicia-se como úlcera seguida pelo infiltrado, com injeção limbal que frequentemente resulta em neovascularização do infiltrado. Já a doença estafilocócica começa como infiltrado, com epitélio intacto e blefarite associada, sem ulceração frequente e sem neovascularização. Logo, diante de uma úlcera marginal, deve-se considerar a etiologia herpética, pesquisar a sensibilidade corneana, investigar história pregressa e, na suspeita, realizar teste terapêutico com antiviral antes de outros tratamentos para evitar piora prognóstica.

Palavras Chave

ceratite, herpes, úlcera marginal

Arquivos

Área

Patologia Clínica

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS/CEROF - Goiás - Brasil

Autores

Rodrigo Cunha Ferreira, Thiago de Castro Silva, Bruna Costa Monteiro Hadler, Luiz Arthur Franco Beniz, Wander Alves Ferreira Júnior, Luís Fernando Oliveira Borges Chaves