Dados do Trabalho
Título
Acometimento neuro-oftalmológico após uso de Metronidazol oral: relato de caso
Introdução
O metronidazol é um nitroimidazol muito usado em infecções gastrointestinais e pode ter efeitos adversos importantes, como distúrbios psiquiátricos, gastrintestinais e visuais. Em casos raros, pode ocorrer toxicidade neuro-oftalmológica, incluindo diplopia e náuseas. O objetivo deste trabalho é relatar um caso raro de paresia do músculo reto medial após uso do metronidazol.
Métodos
Estudo de caso por revisão de prontuário médico e pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline, PubMed, Lilacs e SciELO.
Resultados
A.C.R, feminino, 19 anos, queixa diplopia há 7 dias, náuseas e vômitos, associado ao uso de Metronidazol para parasitose intestinal. Ao exame: posição de cabeça com torção para esquerda e limitação de adução do olho direito (OD), sugerindo paresia de músculo reto medial. 16 mmHg AO. Refração estática plano 20/20 ambos os olhos (AO). Biomicroscopia: córnea e cristalino transparentes, sem reação de câmara anterior AO. Campimetria computadorizada: sensibilidade foveal preservada, ausência de escotomas AO. Tomografia de coerência óptica: espessura e arquitetura retiniana preservadas, complexo retina-EPR normal AO. Retinografia: vítreo transparente, disco óptico corado com bordos nítidos, mácula bem pigmentada, reflexo presente, periferia sem anormalidades AO. Propedêutica laboratorial, incluindo sorologias, sem alterações. Ressonância magnética de crânio mostrou cisto de glândula pineal, demais aspectos dentro da normalidade. Os sintomas persistiram por 7 dias, após a primeira consulta. Sendo assim, optou-se por iniciar corticoterapia, com boa resposta clínica, melhora dos sintomas e regressão da paresia muscular.
Conclusões
A toxicidade neuro-oftalmológica induzida pelo metronidazol é rara e pode levar a alterações visuais transitórias como diplopia, miopia, baixa acuidade visual e neuropatia óptica. A fisiopatologia parece envolver desenergização dos axônios devido a metabólitos, edema citotóxico e edema vasogênico. As evidências apontam que não há relação de dose ou duração do tratamento e efeitos neurotóxicos. O tratamento envolve suspensão do metronidazol e acompanhamento de suporte. Neste caso, optou-se pela corticoterapia devido a persistência dos sintomas por 14 dias. O presente caso exibiu paresia de musculatura ocular extrínseca, diplopia e náuseas, situação pouco descrita na literatura.
Palavras Chave
Metronidazol; efeitos adversos; toxicidade.
Arquivos
Área
Miscelânea
Instituições
Uni-bh - Minas Gerais - Brasil
Autores
Mauro César Gobira Guimarães Filho, Deborah Cristina da Silva Cardoso, Diêgo Alves Feitosa, João Pedro Rodrigues Braga, Mauro César Gobira Guimarães