UVEITE TUBERCULOSA COM MANIFESTAÇAO EM POS OPERATORIO DE CIRURGIA DE CATARATA
Apresentar um caso de uveíte tuberculosa, com manifestação após cirurgia de catarata em ambos os olhos. Mostrar a importância de diagnósticos diferenciais de paciente intolerante a retirada de corticóide tópico no pós operatório e de edema macular cistoide.
MCFL, feminina, 64 anos, natural de Ribeirão das Neves – MG, compareceu a um serviço de urgência com queixa de baixa acuidade visual progressiva, associado à hiperemia, dor ocular e fotofobia, em uso irregular de dexametasona. Relatava cirurgia de catarata em ambos os olhos há 5 meses e meio em OD e com um mês de intervalo em OE. Desde então, começou a desenvolver olho vermelho e diminuição da acuidade visual, pior à esquerda e referia tentativas mal sucedidas de retirada da corticoterapia tópica. Como comorbidades relatava HAS e DM. Ao exame inicial apresentava AV c/c 20/50 e 20/100. Biomicroscopia: Hiperemia conjuntival em OE, LIO centralizada AO, RCA +/++++ em OD e ++/++++ em OE e fundoscopia sem alterações que justificavam o quadro. Solicitado exames de sangue, AGF, UBM e reiniciada corticóide tópico com redução gradativa. Na AGF apresentava como principais alterações edema macular cistóide AO e hiperfluorescência de disco em OE. Paciente voltou ao seu cirurgião com resultado de AGF e o mesmo manteve a corticoterapia tópica e iniciou AINE tópico por suspeita de síndrome de Irvine Gass. Em nosso retorno ela referia melhora parcial da acuidade visual (20/50 e 20/70) e sintomatologia ocular com o uso da medicação. Além da AGF com resultados já descritos, paciente apresentava, dentre os exames laboratoriais solicitados, PPD de 23mm em 48h. Aprofundada a anamnese, paciente referiu história de falecimento por tuberculose há um ano de seu cunhado próximo do qual era cuidadora. Iniciado então esquema RIPE com melhora considerável dos sintomas e da acuidade visual com apenas 1 mês do início do tratamento. Atualmente apresenta ao exame físico AV c/c 20/25+3 e 20/25, olhos calmos, câmara anterior ópticamente vazia, fundoscopia sem alterações e PIO 11 mmHg. AGF de controle demonstrou melhora completa dos sinais vistos anteriormente.
Este caso clínico exemplifica a importância dos diagnósticos diferenciais em casos de uveítes crônicas relacionadas a procedimentos intra-oculares. Sempre temos que descartar causas neoplásicas, mecânicas, auto-imunes e infecciosas que podem estar se sobrepondo ao quadro cirúrgico.
Uveíte Tuberculose
OBS: Caso para ser apresentado oralmente como caso cirúrgico
Úveites
Cirúrgico
Santa Casa - Minas Gerais - Brasil
LUCAS MARES GUIA RIBEIRO, Aline Carvalho Ribeiro, Bruna Veloso Avelar Ribeiro, Brunelle Francino Nunes, Wilton Feitosa Araujo