Título

METASTASE OCULAR- RELATO DE CASO

Introdução

Metástases oculares (MO) são afecções raramente observadas no curso de tumores do aparelho digestivo e ocorrem principalmente em adultos, sendo infrequente nas crianças. Os tumores primários mais comumente associados às MO são o câncer de mama nas mulheres e de pulmão nos homens. Os sinais de MO podem ser uma diminuição na acuidade visual, dor ocular, exoftalmia ou descolamento de retina, sendo a apresentação clínica dependente do local da metástase. A frequência de lesões metastáticas intraoculares, no entanto, vem aumentando devido à maior expectativa de vida dos pacientes com tumores malignos.

Métodos

As informações do trabalho foram obtidas por meio de anamnese, exame clínico e oftalmológico, avaliação do prontuário e revisão da literatura.

Resultados

Paciente masculio, 74 anos, procurou serviço de oftalmologia do Hospital da Santa Casa de São Paulo com queixa de baixa acuidade visual progressiva do olho direito há 18 meses. Antecedentes pessoais: exérese de adenocarcinoma colorretal diagnosticado há 5 anos que evoluiu com metástase pulmonar e sacral há 2 anos. Ao exame: acuidade visual com correção: menor que 20/400 no olho direito e 20/20 olho esquerdo, reflexos preservados. Biomicroscopia sem alterações. Fundo de olho: presença de lesão elevada medindo três vezes a dimensão do disco óptico, comprometendo mácula, disco e estendendo-se até média periferia no olho direito. Paciente realizou OCT e ultrassom ocular, mostrando lesão sólida sobrelevada da papila à periferia, de superficie irregular, multilobulada, de refletividade interna alta, sugerindo calcificações internas. Na tomografia de tórax: múltiplos nódulos em ambos os pulmões, sugestivos de acometimento secundário. Paciente realizou 14 sessões de radioterapia de feixe externo de 2,5 Gy cada há um ano, com melhora da visão periférica, porém persistência do escotoma central. No momento, paciente encontra-se em tratamento quimioterápico paliativo no serviço.

Conclusões

O caso atual ilustra uma metástase intraocular de um tumor colorretal, responsável por apenas 4% dos sítios primários de metástases oculares, que raramente são diagnosticados enquanto o paciente está vivo, pois a incidência é baseada em dados de autópsias, havendo na literatura uma sobrevida de 5 a 15 meses após seu diagnóstico. O tratamento da MO, portanto, é paliativo e não altera a evolução da doença, consistindo em melhorar a qualidade de vida do paciente, ao buscar a preservação da visão e a prevenção da enucleação.

Palavras Chave

Metastase intraocular; tumor colorretal

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