Dados do Trabalho
Título
OFTALMOMIÍASE EXTERNA: RELATO DE CASO
Introdução
Miíase é uma zoonose causada por larvas de dípteros que acomete principalmente o tecido cutâneo, e, raramente, os tecidos oculares, caracterizando a oftalmomiíase, que representa menos de 5% do total de casos de miíase humana1. Relata-se caso de paciente com sintomatologia e história clínica compatíveis com a mesma.
Método
Masculino, 8 anos, refere sensação de corpo estranho, lacrimejamento e vermelhidão em OD há oito dias, após trabalho em área agrícola. Nega diminuição da acuidade visual.
Ao exame, AV 20/20 em AO. Biomicroscopia OD: Hiperemia conjuntival, secreção purulenta em fórnice inferior, lesão com pequeno orifício em conjuntiva bulbar ínfero-lateral, com presença de um único verme móvel. Córnea clara, CAF sem RCA. Fundoscopia sem alterações. OE: sem particularidades.
Foi diagnosticado oftalmomiíase externa em OD e prosseguiu-se à remoção mecânica da larva em bloco cirúrgico com anestesia tópica e auxílio de fórceps ocular, e prescrição de antibiótico tópico e lágrima artificial, com desaparecimento completo dos sintomas após três dias.
Resultados
A mííase humana, doença parasitária do homem e outros vertebrados, é causada por larvas de dípteros que completam seu ciclo dentro ou sobre o corpo do hospedeiro3. Ainda que comumente ocorra no tecido cutâneo, as larvas podem infiltrar orelhas, nariz, trato urogenital e olhos – sendo mais comum em habitantes de áreas rurais e fazendas de criação de ovinos4.
No quadro ocular, ela é classificada em: externa, quando larvas se depositam nas pálpebras, superfície ocular ou anexos; interna, quando ocorre penetração da cavidade vítrea ou espaço sub-retiniano; orbital, com destruição significativa dos tecidos adjacentes4,5.
O caso relatado enquadra-se na classificação de externa, devido à localização e ao quadro clínico e sistêmico do paciente.
O tratamento é feito com a remoção mecânica da larva após anestesia tópica. A larva do caso era cilíndrica, segmentada, branca-amarelada, com cerca de 2cm de comprimento (Figura 1) – compatível com Dermatobia hominis – uma das principais causadoras de miíase primária em humanos3. A melhora foi dramática após remoção mecânica das larvas e aplicação tópica de antibióticos por curto período.
Conclusões
A miíase ocular é uma condição curável e tratável, mas devemos atentar para o correto diagnóstico, classificação e tratamento, com a completa retirada da larva, a fim de evitar reações inflamatórias intensas decorrentes do tratamento inadequado e também reduzir o potencial destrutivo ao globo ocular.
Área
RELATO DE CASO
Instituições
Hospital São Vicente de Paulo - HSVP - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Mônica Mânica, Lauren Rech Paiva, Daniel Bonetti Zanatta, Lucas Werner Manfron, Fernando Longhi Bordin