Dados do Trabalho


Título

Hiperemia Ocular x Efeito Rebote Induzido por Corticoterapia Tópica

Introdução

O relato de caso apresentado tem como objetivo ressaltar a importância do diagnóstico diferencial dos quadros de hiperemia ocular e alertar quanto ao tratamento prolongado, muitas vezes indiscriminado, com corticoide tópico. O olho vermelho é o distúrbio ocular mais frequentemente encontrado em serviços de emergência oftalmológica. Apesar da maioria das causas serem de origem benigna, existem situações graves associadas com risco de comprometimento visual irreversível.

Método

Exame biomicroscópico na lâmpada de fenda, tonometria de aplanação de Goldman, Mapeamento de retina, Angiofluoresceínografia, Tomografia de coerência óptica.

Resultados

Paciente JCSC, 66 anos, sexo masculino, diabético tipo II, foi submetido a facectomia em olho esquerdo no HOSB no dia 13/12/18, sem intercorrências. Realizou acompanhamento irregular no pós operatório. Em consulta ambulatorial dia 05/04/19, paciente retorna ao serviço apresentando queixa de "olho vermelho", fotofobia e discreta dor a movimentação ocular em OE. Biomicroscopia: hiperemia ocular associada a reação de câmara anterior +1/+4, PIO de 10mmHg e fundoscopia impraticável devido intensa fotossensibilidade. Inicialmente foram solicitados mapeamento de retina e angiofluoresceínografia. Nos exames foi identificado imagem compatível com cicatriz de coriorretinite sem sinais de atividade de doença. Para fins de elucidação diagnostica, foi solicitado tomografia de coerência óptica que demonstrou imagem de hiper sinal em topografia da hialoide posterior. Através dos exames, foi possível eliminar outras causas possíveis para os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, chegando-se ao diagnóstico, de exclusão, de efeito rebote associado ao uso prolongado de corticoesteroides. Realizou-se descalonamento do corticoide tópico durante 4 semanas com remissão completa do quadro ocular.

Conclusões

O uso de corticoide em tratamentos oftalmológicos tem sido cada vez mais empregado devido a extensão de doenças que se beneficiam do mesmo. Porém seu uso, por vezes indiscriminado, pode trazer complicações a médio e longo prazo, muitas delas passando despercebidas no dia a dia do consultório. Esse caso tem por objetivo ressaltar a importância do uso de corticoterapia com parcimônia e nos casos que exijam tratamento prolongado, deve-se atentar para seu devido descalonamento e acompanhamento regular do paciente, mesmo após finalização terapêutica.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Hospital Oftalmológico Santa Beatriz - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Matheus Vieira Marques, Daniela Tartarotti Conte, Rafael de Moraes Santa Cruz