Dados do Trabalho


Título

Descolamento seroso macular secundário à fosseta de papila congênita: relato de caso

Introdução

Fosseta de papila é uma escavação congênita anômala, rara, na cabeça do disco óptico geralmente temporal. Apresenta prevalência de 1/11.000, afeta ambos os sexos, idade média de diagnóstico aos 30 anos e tem apresentação unilateral em 85% dos casos. A acuidade visual permanece inalterada, a menos que ocorra descolamento secundário seroso da mácula.

Método

revisão retrospectiva de prontuário.

Resultados

Paciente, 68 anos, feminina, refere baixa visão no olho esquerdo há 20 anos, diagnosticada com cicatriz de coriorretinite naquele momento. A acuidade com a melhor correção era de 20/20 em olho direito(OD) e conta dedos a 2 metros em olho esquerdo(OE). A biomicroscopia do seguimento anterior, pressão intraocular, reflexos pupilares e motilidade ocular extrínseca eram normais. À fundoscopia de OE, observava-se fosseta de papila temporal com atrofia epitelial em mácula, provável sequela de descolamento seroso, comprovada por tomografia de coerência óptica. A fundoscopia de OD sem anormalidades.
As fossetas congênitas do disco óptico podem causar descolamento de retina e diminuição da acuidade visual. A localização temporal e o tamanho aumentado da fosseta são fatores importantes para o desenvolvimento de maculopatia devido a frágil barreira entre o nervo óptico e as camadas retinianas. A consequente maculopatia, provocada pelo vazamento do líquido, pode ser observada na OCT como a separação da retina em uma estrutura bilaminar.

A origem do líquido subrretiniano do descolamento é controversa. Destaca-se vazamento de líquido dos vasos da base da fosseta, vítreo liquefeito e líquido céfalo-raquidiano.

Histologicamente, as fossetas são defeitos na lâmina crivosa e contém uma variedade de tecidos retinianos, incluindo nervos aberrantes e tecidos pigmentados apoiados por uma rede de tecido glial.

Diversos estudos tentaram esclarecer a história natural da doença sem tratamento e a maioria relatou declínio na acuidade visual. Por isso, a cirurgia precoce é amplamente aceita, incluindo vitrectomia pars plana e laser justapapilar.

Sem o tratamento, o descolamento seroso macular decorrente da fosseta de papila tem prognóstico ruim e, quando crônico, pode levar a visão pior que 20/200 em 80% dos casos.

Conclusões

Apesar de rara, a fosseta de papila pode desencadear descolamento seroso macular e causar graves prejuízos visuais. Diante disso, ressalta-se a importância do diagnóstico precoce para instituição do tratamento para evitar sequelas irreversíveis.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Isabella Vieitas Michelini, Alexandre de Carvalho Mendes Paiva, Guilherme Garcia Criado, Vinicius Secchim de Britto, Patrícia Lima Lopes, Camille Albuquerque Torres de Carvalho, Nelson Sena Junior, Mario Martins dos Santos Motta