Dados do Trabalho
Título
POTENCIAL VISUAL EVOCADO EM CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS
Introdução
Avaliar a função visual em crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) usando o Potencial Visual Evocado (PVE) e correlacionar seus achados com a gravidade da microcefalia, acuidade visual (AV) e achados fundoscópicos.
Método
Estudo transversal realizado de janeiro a abril de 2018, em Recife, Brasil. Os participantes do estudo foram divididos em dois grupos: o grupo ZIKV, composto por 37 crianças com idade entre 18 e 24 meses, com sorologia positiva para o vírus Zika; e o grupo controle, composto por 15 crianças saudáveis, pareadas por idade. Todos os pacientes foram submetidos a um exame oftalmológico completo e ao PVE por padrão reverso. O PVE foi realizado binocularmente, em ambiente de penumbra com luminância constante em todos os testes. Os valores de latência do componente P100 do PVE foram determinados e seus resultados correlacionados com os valores de acuidade visual e alterações de fundo de olho.
Resultados
A média de idade do grupo ZIKV no momento do exame foi de 18,5 ± 0,9 meses (variação, 17-20 meses) e a do grupo controle foi de 24,3 ± 1,6 meses (variação, 21,0-28,0 meses). A resposta do P100 foi normal em sete (18,9%) pacientes com SCZV, limítrofe em dois (5,4%), anormal com latência prolongada em 18 (48,6%) e anormal sem resposta em 10 (27,0%). Todas as crianças do grupo controle tiveram uma resposta normal ao PVE. Uma correlação significativa (p <0,001) entre a latência do P100 e a AV foi observada. Todos os pacientes do grupo ZIKV tinham deficiência visual pelo teste de acuidade visual de Teller; entretanto, apenas 64,9% apresentavam alterações no fundo de olho. Ao comparar o PVE dos pacientes com SCZV sem alterações oculares com os pacientes do grupo controle, observamos que o PVE foi substancialmente pior naqueles pacientes do grupo ZIKV (p<0,001), sugerindo que a deficiência visual está presente mesmo na ausência de alterações oculares.
Conclusões
Crianças com SCZV têm PVE caracteristicamente anormal, independentemente dos achados fundoscópicos e microcefalia grave. A transmissão anormal de um sinal máculo-occipital suporta o diagnóstico de deficiência visual cortical em crianças com SCZV.
Área
TRABALHO CIENTÍFICO
Instituições
Fundação Altino Ventura - Pernambuco - Brasil
Autores
Luan Fellipe Bispo Almeida, Liana Oliveira Ventura, Marisa Zamora Kattah, Camila Vieira Ventura