GPRS EM ARAGUARI: RESIGNIFICANDO AS METODOLOGIAS ATIVAS NA PRECEPTORIA DE UM PROGRAMA DE RESIDENCIA MEDICA EM PEDIATRIA
Pensar um programa de residência capaz de formar um médico especialista que atenda às necessidades do mercado de trabalho nos obrigou a várias reflexões, sobretudo acerca das transformações do modelo de mercado de trabalho que esperávamos oferecer aos futuros pediatras. Estava lançado o desafio. O perfil de competências já não era problema pois a pouco a Sociedade Brasileira de Pediatria publicara documento fruto de anos de construção colegiada. Estruturar os diferentes rodízios e cenários, as benditas semanas padrão sem perder o foco em tudo aquilo muito bem delineado pelo Ministério da Saúde em seu texto publicado em 2014 que detalhava sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança – PNAISC, desenhando os ambientes de ensino-aprendizagem de forma a proporcionar o exercício do cuidado integral e longitudinal, tomando em conta os diferentes itinerários terapêuticos e o equilíbrio entre ensino e serviço demandou meses de dedicação até que em março de 2016 recebemos nossas primeiras residentes e amadurecemos juntos.
Todos vínhamos de uma formação tradicional, oriundos de programas de residência que na maioria das vezes estruturavam suas atividades práticas com foco exclusivo na assistência e na resolução de demandas dos serviços, sem falar do modelo hegemônico de educação tradicional vigente centrado em práticas pedagógicas tradicionais e tecnicistas dificultando a vivência e o domínio de metodologias ativas. Surge nesse momento a necessidade de se discutir “novas” metodologias e suas potencialidades, necessidade essa casada a oportunidade de participação no Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Programas de Residência em Saúde (GPRS). Considerando que o profissional de saúde no papel de preceptor é o agente facilitador do processo formativo, a elaboração do presente projeto aplicativo se justifica e tem como objetivo geral reestruturar e aperfeiçoar o uso das metodologias ativas de ensino-aprendizagem no processo de preceptoria do Programa de Residência em Pediatria no SUS, da Santa Casa de Misericórdia de Araguari e do Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos. Para tanto, foram planejadas iniciativas educacionais que incluem oficinas, viagens educacionais e construção colegiada do manual do preceptor.
Ao final do primeiro ano da residência, foi possível identificar uma lacuna entre a situação real e a desejada, quando parte dos educadores ainda não se encontrava completamente convencida de que os modelos construtivistas do processo de ensino-aprendizagem sejam importantes ferramentas transformadoras das práticas de saúde e do conhecimento.
Exemplo disso é a baixa frequência desses profissionais nas oficinas regularmente organizadas pelo Núcleo Docente Estruturante do IMEPAC, com 38% de participação na atividade realizada em maio de 2017. Nesse sentido, o grande desafio para implantação do nosso projeto é oportunizar e motivar os preceptores à participação nas atividades planejadas, acreditando que uma vez conhecendo e aplicando tais metodologias possam se apaixonar por elas.
A oportunidade de reflexão a partir da observação da realidade local e de confrontação da mesma com o objetivo de reestruturar o uso das Metodologias Ativas de ensino-aprendizagem no processo de preceptoria do Programa de Residência Médica em Pediatria abriu espaço para identificação e priorização de problemas. A utilização da dinâmica da árvore explicativa, a identificação de nós críticos e dos diferentes atores sociais envolvidos e por fim a utilização de ferramentas como o Plano de Ação – PES simplificado oportunizou o enfrentamento dos desafios à partir da escolha e planejamento de ações e atividades desde seus responsáveis, passando pela definição de parceiros e opositores, pela escolha de indicadores de monitoramento, definindo os diferentes recursos necessários e diferentes prazos de execução.
As estratégias propostas em nosso PA já começam a mostrar resultado quando observamos 72% de preceptores participando ativamente de nossa primeira oficina.
GPRS – Gestão de Programas de Residência em Saúde no SUS
Santa Casa de Misericórdia de Araguari - Minas Gerais - Brasil
Daniela Henriques Soares Lopes Debs, Cláudia Dutra Costantin Faria