Dados do Trabalho
TÍTULO
DISSEMINAÇAO DE ADENOCARCINOMA DE SIGMOIDE EM PACIENTE COM RETOCOLITE ULCERATIVA IDIOPATICA DE DIFICIL REMISSAO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Portadores de Retocolite Ulcerativa (RCU) são considerados de alto risco para Câncer Colorretal (CCR), prevalência de 3,7%, incidência de 2% em 10 anos e 18% em 30 anos. A vigilância colonoscópica é essencial para o diagnóstico precoce do CCR.
RELATO DE CASO
Masculino, 44 anos, diagnosticado há 20 anos com RCU Idiopática sem acompanhamento, em uso de mesalazina 3,2g/dia e deflazacorte 60 mg/dia, de difícil remissão, comparece ao Serviço de Coloproctologia em 15/10/2019. Relata que há 2 meses iniciou quadro de tenesmo, dor abdominal, diarreia mucóide (10 evacuações/dia), evoluindo com hematoquezia e incontinência fecal. Ao exame físico, abdome globoso e dor à palpação de fossa ilíaca esquerda. Colonoscopia com biópsia seriada demonstrou adenocarcinoma de sigmoide moderadamente diferenciado. Realizadas proctocolectomia, com confecção de bolsa ileal em J e ileostomia protetora. Laudo histopatológico identificou tumor pT4N2b, ressecção à R0. Pós-operatório imediato com fístula da bolsa ileal tratada conservadoramente. Encaminhado para quimioterapia. Retorno pós-operatório com aumento do CEA (pré-operatório 13; pós-operatório imediato 3,5; seguimento variando de 22 a 65). PET-Scan evidenciou recidiva neoplásica na extremidade superior do coto retal, metástase hepática, nódulo em região supra-vesical e plano gorduroso mesentérico. Realizadas retossigmoidoscopia e biópsia com achados de adenocarcinoma moderadamente diferenciado infiltrante, acometimento da bolsa ileal adjacente à linha de grampo, proctite ulcerada com neoplasia intraepitelial de alto grau. Proposta terapêutica com quimioterapia por 3 meses e reavaliação.
DISCUSSÃO
A vigilância colonoscópica aumenta a sobrevida em pacientes com RCU e CCR através da detecção e manejo precoces de lesões displásicas. O paciente relatado não realizou acompanhamento da RCU nem vigilância para CCR. As diretrizes indicam o início da vigilância entre 6 e 10 anos após início dos sintomas, com intervalos variando de 1 a 5 anos. Em casos de hemorragia, perfuração e carcinoma fortemente suspeito ou documentado (lesão displásica persiste ou “lesões associadas à displasia ou massas”) é indicada a realização de uma proctocolectomia total. Portanto, o paciente foi submetido à proctocolectomia, com confecção de bolsa ileal em J e ileostomia protetora visando tratamento e melhora na qualidade de vida. Após a operação, a dosagem do CEA para rastreamento de recidivas é parte do protocolo de seguimento. Neste caso, cerca de 5 meses após a cirurgia foi observada uma elevação deste marcador, que demandou a realização de PET-Scan para avaliação complementar. A ocorrência de metástases hepáticas pela via hematogênica não é incomum, haja vista que a drenagem venosa do cólon e reto é realizada majoritariamente pela veia porta. Em contrapartida, recidivas na bolsa ileal e anastomose são extremamente raras e de etiologia incerta. Nesse paciente a suposta via de disseminação deu-se por implantes peritoneais identificados no PET-Scan.
PALAVRAS CHAVE
Doenças Inflamatórias Intestinais; Neoplasias Colorretais; Adenocarcinoma; Programas de Rastreamento; Colectomia.
Área
CÂNCER COLORRETAL
Instituições
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) - Minas Gerais - Brasil
Autores
LARYSSA DE SÁ BRAGANÇA GONÇALVES, ANA LUÍSA SCAFURA DA FONSECA, ANA LUÍZA DE CASTRO CARVALHO, MATHEUS CALÁBRIA DA SILVEIRA, ISABELA DE OLIVEIRA ARAUJO, LORENA NAGME DE OLIVEIRA PINTO , CRISTIANE DE SOUZA BECHARA MOTA, KARINE ANDRADE OLIVEIRA ZANINI