Dados do Trabalho

TÍTULO

TRATAMENTO DE VARIZES PERIESTOMAIS COM EMBOLIZAÇAO POR ACESSO TRANSHEPATICO EM PACIENTE HEPATOPATA CRONICO COM HIPERTENSAO PORTAL

INTRODUÇÃO

Uma das mais comuns consequências da hipertensão portal é o surgimento de vasos colaterais em forma de varizes e o sangramento dos mesmos, sendo os locais mais frequentes de aparecimento desses vasos no esôfago, estômago, reto e vasos periumbilicais. No entanto, em pacientes portadores de ostomias, podem surgir varizes ectópicas entre um estoma intestinal e a vasculatura da parede abdominal, que embora infrequentes, são propensas a sangramento. Varizes periestomais ocorrem em 27% - 50% dos pacientes com hipertensão portal ou em uma estoma preexistente.No entanto, o tratamento ideal ainda não foi estabelecido, e a embolização percutânea pode ser uma opção de terapia eficiente nesse cenário, especialmente no controle do sangramento agudo

RELATO DE CASO

Paciente sexo masculino, 61 anos, hepatopata crônico, portador de DM, HAS e com insuficiência cardíaca congestiva, colostomizado em 2008 devido a adenocarcinoma de reto com relato de episódios prévios de sangramento por ostomia com exame colonoscópio normal. Procurou o pronto atendimento por sangramento volumoso pela colostomia, apresentando hemoglobina de 6,2 mg/dl à admissão. Optado por realização de AngioTC que identificou vasos ingurgitados e tortuosos na parede e adjacentes à alça da colostomia, com origem na veia mesentérica inferior, configurando varizes periestomais. Após avaliação multidisciplinar, foi optado por embolização das varizes periestomais por via transhepática (sem a realização de TIPS, devido ao quadro de cardiopatia do paciente). Realizada punção ecoguiada transhepática de ramo portal esquerdo e feita portografia direta, que evidenciou fluxo hepatofugal pela veia mesentérica inferior para a veia epigástrico inferior, passando pelas varizes supracitadas. Realizada cateterização superseletiva dos ramos da veia mesentérica inferior com embolização dos dois troncos principais ao redor da colostomia, utilizando-se molas de destacamento controlado. Paciente não apresentou novos episódios de sangramento imediatos durante a internação

DISCUSSÃO

Até 53% dos hepatopatas portadores de ostomias desenvolvem varizes periestomais. A taxa de ressangramento para tratamentos operatórios locais, como reconstrução cirúrgica do estoma e ligadura cirúrgica é de 81%, que são apenas tratamentos temporários . Como a hipertensão portal é a responsável pelo sangramento, um dos tratamentos com maior chance de prevenir sangramentos futuros é o shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS), entretanto, o acesso a essa técnica e a presença de contraindicações inerentes ao procedimento limitam sua realização. Varizes periestomais propensas a sangrarem são complicações potencialmente fatais em pacientes hepatopatas crônicos com hipertensão portal e enterostomizados, sendo a embolização percutânea uma abordagem acessível para o tratamento especialmente em contexto de urgência

PALAVRAS CHAVE

varizes periestomais, TIPS, sangramento, hipertensão portal, embolização, percutânea