Dados do Trabalho
TÍTILO
SACROPROMONTOFIXAÇAO COM RECONSTRUÇAO DO FUNDO DE SACO DE DOUGLAS VIDEOLAPAROSCOPICA EM PACIENTE COM INTUSSUSCEPÇAO RETOANAL E ENTEROCELE
INTRODUÇÃO
O tratamento da enterocele e da intussuscepção retoanal é complexo e envolve diagnóstico adequado através de exame físico e testes funcionais complementares. Diversas técnicas cirúrgicas foram descritas para o seu tratamento, tanto por via abdominal quanto perianal, com ou sem o uso de tela sintética. O denominador comum de todas elas é o risco de recorrência a longo prazo. Reportamos aqui a associação da sacropromontofixação com a reconstrução do fundo de saco (Moschcowitz-modificado) por via laparoscópica.
RELATO DE CASO
Paciente feminina de 51 anos e natural de São Paulo, queixava-se de constipação crônica há muitos anos. Referia tratamento prévio com auxílio de nutricionistas, incluindo dieta rica em fibras, atividades físicas regulares e uso de laxativos osmóticos. Atualmente tinha 1 a 2 evacuações por semana com fezes Bristol 1 e 2, mas com grande esforço evacuatório, por vezes necessitando de manobras digitais no períneo. Fazia uso esporádico de enemas evacuatórios e referia mais recentemente abaulamento vaginal durante o esforço evacuatório. Antecedentes ginecológicos incluíam histerectomia total por miomatose e dois partos vaginais transcorridos sem intercorrências. Exame proctológico mostrava esfíncter normotônico com boa contratilidade e fezes ressecadas na ampola retal. Retoscopia normal. Exame ginecológico revelou enterocele e pequena retocele. Foi feita investigação complementar com sorologia para Chagas que resultou negativa, glicemia de jejum, cálcio sérico e hormônios tireoidianos, todos sem alterações. Colonoscopia completa mostrou dólico sigmóide. Tempo de trânsito intestinal com marcadores radiopacos diagnosticou obstrução de saída, com retenção dos marcadores radiopacos na região do retossigmóide; a videodefecografia revelou enterocele, intussuscepção intra-anal e pequena retocele. Foi submetida à operação de sacropromontofixação videolaparoscópica com plicatura do fundo de saco de Douglas sem intercorrências. Teve boa evolução pós-operatória e recebeu alta no 4˚ pós-operatório. Em seguimento há 12 meses, refere 4 a 5 evacuações por semana com medidas clínicas e fezes Bristol 4 e 5. Atualmente nega esforço evacuatório, manobras digitais ou uso de laxativos.
DISCUSSÃO
A complicação mais frequente no tratamento cirúrgico do prolapso retal é a recidiva. Diversas técnicas foram descritas tentando solucionar esse problema. Neste caso reportamos a associação de duas técnicas clássicas, a sacropromontofixação descrita pelo Prof. Daher Cutait e a reconstrução do fundo de saco de Douglas, adaptada da técnica original de Moschcowitz. O sucesso da técnica reside da dissecção cautelosa do reto até o nível dos elevadores e a fixação adequada tanto no promontório quanto na parede retal. A reconstrução do fundo de saco permite a correção da enterocele. Essa técnica minimamente invasiva, evita as complicações relacionadas ao uso de tela sintética na região pélvica, principalmente em paciente jovem com vida sexual ativa.
PALAVRAS CHAVE
constipação; sacropromontofixação; enterocele; intussuscepção; fundo de saco de douglas
Área
CONSTIPAÇÃO E DOENÇAS DO ASSOALHO PÉLVICO
Instituições
Instituto de Gastrocirurgia, Oncologia e Proctologia - IGOP - São Paulo - Brasil
Autores
LUCAS FARACO SOBRADO, HÉLDER DE MOURA VILLELA JUNIOR, CARLOS WALTER SOBRADO