Dados do Trabalho


Título

VOLVO GASTRICO - UM RELATO DE CASO COMPLICADO

Introdução

O volvo gástrico (VG) é uma rotação do estômago superior a 180 graus. Usualmente, ele se torce dentro do abdome superior, condicionando oclusão intestinal alta. Ocorre em qualquer idade - sem associação a sexo ou etnia -, mas é mais prevalente (78%) após os 50 anos. É consideravelmente raro e cursa com sintomatologia inespecífica, levando ao diagnóstico tardio. Ocorre de forma primária - idiopática (25%), resultado de aderências ou alterações nos ligamentos suspensores do estômago, que asseguram a ancoragem do órgão - ou secundária - 75% dos casos e pode ter origem por alterações em anatomia ou função gástrica (hérnia hiatal, hérnia diafragmática, obstrução pilórica, entre outras). Apresenta-se, também, de forma aguda ou crônica - com períodos agudos, podendo ocorrer complicações. Na forma crônica, o diagnóstico é difícil e os exames podem ser normais nas fases assintomáticas. É possível identificar o VG nas radiografias de tórax e abdome por presença de massa retrocardíaca com bolha gasosa ou aumento de densidade de tecidos moles associando a presença do restante do estômago abdominal distendido e preenchido por líquido. Também pode-se diagnosticar por TC, mas o padrão-ouro para diagnóstico é o estudo fluoroscópico do tubo digestivo com contraste baritado. O VG pode ser de três tipos: organoaxial - mais comum, 60% dos casos, o estômago rotaciona em torno do seu eixo longo, difícil demonstração imagiológica caso não tenha defeito diafragmático associado -, mesenteroaxial - (30%) o órgão rotaciona em torno do seu eixo curto - e misto - 10% dos casos, o órgão rotaciona ora em torno do maior eixo, ora do menor.

Relato de Caso

Paciente feminino, 32 anos, com história de epigastralgia crônica, localizada, de intensidade 9/10 segundo a escala analógica da dor e episódios de agudização por ânsias sem conseguir vomitar há 18 horas. Ao exame físico: abdome globoso e epigastralgia à palpação superficial e profunda, sem sinais de irritação peritoneal. Radiografia do abdome demonstrou hipodensidade esférica em cárdia e fundo, sugerindo VG; já na com contraste, evidenciou-se hérnia hiatal com VG intratorácico. Na EDA não houve passagem do endoscópio pela cárdia e não se conseguiu descompressão com sonda nasogástrica. Paciente evoluiu com choque hipovolêmico e foi submetida à cirurgia, constatando volvo tipo organoaxial em saco herniário transhiatal e isquemia diafragmática na porção superior da curvatura maior, tratados por gastropexia anterior, hiatoplastia e fundoplicatura à Nissen sem intercorrências.

Discussão

O VG pode apresentar-se de forma crônica com períodos agudos. A agudização, nesse contexto, pode levar a isquemia gástrica, necrose, perfuração e choque hipovolêmico, provocando uma emergência cirúrgica com uma mortalidade de 30-50%. Deve ser suspeitado pelas ânsias intensas sem vômitos, dor abdominal e dificuldade de sondagem endoscópica.O tratamento varia de acordo com a apresentação clínica, mas VG na forma crônica é indicada laparoscopia ou laparotomia.

Palavras Chave

volvo gástrico, organoaxial, hérnia hiatal, laparoscopia, gastropexia anterior

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - Bahia - Brasil

Autores

Helder Moreira Borges Filho, Isabella Fernandes, Marcela Sousa Araujo, Renata Emanuele Antunes Almeida, Lucas Augusto Rodrigues de Oliveira, Micael Cruz Santana, Thales Maia Teixeira