Título

Correlação entre desnutrição, escalonamento de antibióticos e prolongamento da internação: uso dos critérios GLIM

Objetivo

Investigar se há correlação entre desnutrição do paciente de unidade de terapia intensiva e seu tempo de permanência na unidade. Investigar se há correlação entre desnutrição do paciente de unidade de terapia intensiva e a necessidade de escalonamento de antibiótico durante sua permanência.

Método

Delineamos um estudo observacional transversal, com análise de prontuários a partir de amostra de pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva do Hospital Edmundo Vasconcelos do dia 01 de janeiro de 2019 até o dia 31 de outubro de 2019.
Os critérios de exclusão foram paciente submetido a cirurgia durante a internação, internação menor que 24 horas e presença de intoxicação exógena.
O critério de inclusão foi paciente com necessidade de antibioticoterapia.
Na análise de prontuário foram utilizadas três variáveis qualitativas: avaliação nutricional em risco de desnutrição ou ausência, tempo de permanência em unidade de terapia intensiva menor ou maior ou igual a dez dias e necessidade ou não de escalonamento de antibióticos.
Escolhemos o teste de qui-quadrado para avaliar a correlação entre as variáveis e foi utilizado para o cálculo tabela de grau de liberdade um e intervalo de confiança 95%.

Resultados

O total de pacientes admitidos na uti foi de 1.128 pacientes, destes apenas 214 atendiam aos critérios de inclusão.
Consideramos tempo prolongado em UTI, quando os dias de internação do paciente na unidade foram iguais ou superiores à dez dias, porém não há consenso em literatura, variando entre 3 dias, 7 dias, 10 dias, 14 dias ou 30 dias.
De acordo com a agência nacional de saúde o tempo médio de internação em unidade de terapia intensiva no brasil é de 5,9 dias com variação de 1,5 a 29,4 dias
Observamos que há uma correlação positiva entre o risco de desnutrição e um tempo de internação prolongado.
Avaliamos correlação positiva entre o risco de desnutrição e maior chance de escalonamento de antibiótico, ou seja, a necessidade de troca de antibiótico para maior espectro.
Realizamos uma avaliação da correlação entre o aumento do tempo de internação com a necessidade de escalonamento de antibioticoterapia, foi observado que não há uma relação direta entre essas duas variáveis. Tornando-as independentes de ocorrência, e dando mais evidência aos nossos achados de que o risco de desnutrição sim teria uma relação direta com essas duas variáveis.

Conclusões

O perfil nutricional do paciente na admissão parece apresentar correlação direta com seu tempo de internação e necessidade de escalonamento de antibioticoterapia, podendo gerar maior custo no tratamento e maior morbimortalidade. Discute-se se o acompanhamento nutricional desse paciente antes da chegada à unidade poderia evitar desfechos desfavoráveis ou até diminuir o tempo de internação e necessidade de medicação podendo gerar impacto positivo à saúde como diminuição de custos e melhora da morbidade relacionada a internação.

Palavras Chave

Desnutrição, escalonamento de antibiótico, permanência hospitalar, unidade de terapia intensiva.