Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM DA APENDICITE AGUDA EM UM HOSPITAL DE REFERENCIA EM BRASILIA - DF
Objetivo
A apendicite aguda (AA) é a inflamação do apêndice cecal secundária à sua obstrução luminal. Lidera como principal causa de abdome agudo cirúrgico, especialmente nos países em desenvolvimento, acometendo cerca de 7% da população mundial. Apesar da alta prevalência, os sinais e sintomas inespecíficos de sua apresentação clínica tornam o diagnóstico desafiador, sendo o atraso terapêutico associado a maiores morbimortalidade e custo. O objetivo deste estudo foi conhecer a abordagem da AA em um hospital público de referência regional para Cirurgia Geral em Brasília - DF, desde o primeiro atendimento na Emergência, até a resolução do quadro clínico e suas potenciais complicações.
Método
Trata-se de estudo transversal, observacional, retrospectivo, a partir da análise de prontuários de todos os pacientes submetidos a apendicectomia no período de 01/01/2017 a 31/06/2017. Foram excluídos pacientes de cirurgia eletiva e cujos prontuários não contemplavam as variáveis escolhidas no preenchimento de formulário padrão para coleta de dados. A pesquisa foi aceita pelo comitê Comitê de Ética em Pesquisas da FEPECS/SES-DF com n.º 2.666.952.
Resultados
Foram incluídos 123 pacientes. A doença foi mais prevalente entre a segunda e quinta décadas de vida, com 86% dos casos, média de idade de 33,41 anos (DP±14,2) e discreto predomínio feminino. Em 62% dos casos, o atendimento inicial foi na própria instituição, sendo que em 30% deles havia menos de 48 horas de sintomas. Dor abdominal foi a principal queixa relatada e em nenhum prontuário havia menção ao Escore de Alvarado (EA), sem informações suficientes para seu cálculo em 25% deles. Leucocitose (84,6%) e leucocitúria (43,1%) destacavam-se entre as alterações laboratoriais. Foi solicitada radiografia de abdome em 74% dos casos, sem ultrassonografia (USG) e/ou tomografia computadorizada (TC) em 80%. Cerca de 39% dos pacientes evoluiu com complicações, como perfuração de apêndice (9,8%) e peritonite (8,9%). Em 56 pacientes operados após 48h de sintomas, essas complicações chegaram a 50% (p = 0,02 OR = 1,984 (IC 95% 0,951 – 4,140). A técnica cirúrgica escolhida foi a laparotomia convencional em 82,8% dos casos e a videolaparoscopia em 13,8%. O tempo médio de internação foi de 3,74 dias (DP±3,6).
Conclusões
O estudo contrasta com a literatura ao demonstrar predomínio feminino e igual prevalência entre faixas etárias de 11 - 29 anos e 30 - 49 anos, uma vez fundamentados maior acometimento masculino e picos de incidência na segunda década de vida. Para aumentar a acurácia diagnóstica e diminuir as apendicectomias incidentais e complicações, podem ser úteis critérios como o EA e exames como a USG e TC. Possivelmente, dificuldades técnico-instrumentais do próprio serviço restringiram o uso desses últimos, bem como a preferência pela videolaparoscopia, atualmente o padrão ouro. O registro incompleto de prontuários é uma limitação do estudo e evidencia a urgência de execução de protocolos institucionais.
Palavras Chave
Apendicite, abdome agudo, apendicite aguda, apêndice cecal.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Regional da Asa Norte - HRAN - Distrito Federal - Brasil
Autores
Victor Hudson de Lacerda Borges, David Uchoa Cavalcante, Gabriel Souza Borges, Erisson Yuri da Silva Pereira, Giovanna Breda Rezende, Cláudia Vicari Bolognani, Levy Aniceto Santana