Dados do Trabalho
Título
IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-2019 NO NUMERO DE TRANSPLANTES DE FIGADO NO SUS: UM ESTUDO COMPARATIVO
Objetivo
Começando a ver sinais de advertência do impacto devastador da pandemia COVID-19 no Brasil e no mundo, o trabalho busca comparar o número de transplantes de fígados por região brasileira entre os anos de 2019 e 2020, e assim contribuir na mensuração dos impactos da pandemia de COVID-2019 no cenário cirúrgico. Com a hipótese inicial de que o aumento de infecções pelo vírus resultou em um declínio no número de procedimentos eletivos no país, incluindo no número de transplantes.
Método
O estudo utilizou o delineamento transversal de dados coletados do DATASUS (SIH/SUS). No qual se verificaram as diferenças significativas na quantidade de transplantes de fígado com doador falecido, doador vivo e em transplantes de fígado em febre amarela, no período de janeiro a maio nos anos de 2019 e 2020. As regiões federativas foram comparadas. Aplicou-se o teste t (Student) para a comparação das médias das variáveis quantitativas. Obtemos o valor esperado de procedimentos no ano de 2020 através da análise estatística entre janeiro de 2013 e janeiro de 2019, por meio do software IBM SPSS Statistics.
Resultados
Os registros demonstraram uma queda de 3% no número total de transplantes de fígado de 2019 para 2020. Ao compararmos as médias entre os meses de abril e maio de 2019 e 2020, observamos uma queda de 31%. O Nordeste obteve a maior taxa de queda no número de transplantes em maio de 2020 em comparação com o ano de 2019, uma diminuição de aproximadamente 75% de procedimentos realizados no mês. O Sudeste, região que representa aproximadamente 50% dos transplantes de fígado do país, sofreu uma queda progressiva de janeiro a maio, foi observado um declínio médio de 19,5% de transplantes de fígado por mês. O Centro-Oeste foi a única região com um aumento no número de transplantes durante o mês de abril e maio de 2020 ao compararmos com 2019. Verificou-se um aumento no número de transplantes na região Norte, visto que em 2019, até o mês de maio não havia sido realizado nenhum procedimento, já em 2020 foram realizados seis transplantes. Na região Sul observou-se uma queda de menor impacto, em 2019 foram realizados 41,8 transplantes em média por mês, em 2020 esse número foi somente 38. Com uma diferença estatística relevante (p ≤ 0,05), a análise de janeiro de 2013 e janeiro de 2019 demonstrou um limite inferior de 137,0210 na curva normal. O número de transplantes nos meses de março, abril e maio de 2020 situaram-se abaixo do esperado, 125, 83 e 30 respectivamente.
Conclusões
O COVID-19 trouxe uma repercussão negativa no número de transplantes de fígado no país, com maior queda registrada no Nordeste, que alcançou caimento de 75% equiparado com 2019. A diminuição total de transplante de fígado, devido à redução no número de procedimentos cirúrgicos pode resultar em consequências imediatas e tardias, como evoluções não controladas de insuficiência hepática e cirrose hepática, sobrecarga de centros cirúrgicos pós-pandemia, assim como o aumento da morbidade.
Palavras Chave
COVID-2019; TRANSPLANTES; SUS
Área
TRANSPLANTES
Instituições
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Danna Gomes Mateus, Sarah Bueno Motter, Isadora Zago Krebs, Armani Bonotto Linhares, Thiago Menezes Cézar, Eduardo Corleta Martinez, Izadora Bouzeid Estacia da Silveira, Thomas Kelm