Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO DE ABDOME AGUDO VASCULAR POR VIA ENDOVASCULAR: RELATO DE CASO
Introdução
O abdome agudo vascular apesar de ter baixa prevalência, possui alta morbimortalidade. Isto proporciona atualmente discussões de novas possibilidades de manejo e condutas. Caracteriza-se por dor abdominal intensa com alterações desproporcionais ao exame físico e tem como principais fatores de risco idade avançada, doença aterosclerótica, dislipidemia, cardiopatias e coagulopatias. Anatomicamente, a trombose de artéria mesentérica é a mais acometida na sua origem e está relacionada a complicações da doença aterosclerótica prévia. Classicamente, o tratamento por laparoscopia é muito utilizado e tem como alternativa em alguns casos o tratamento endovascular por fibrinólise ou trombectomia percutânea, impedindo deste modo a cirurgia aberta em quadros iniciais.
Relato de caso
Este relato apresenta o caso de um paciente de 44 anos de idade com queixa de dor abdominal súbita, epigástrica, pós prandial, iniciada há 1 hora da entrada no pronto socorro de cirurgia geral, associada a episódios de vômitos de conteúdo alimentar. Negava antecedentes pessoais compatíveis com aterosclerose, tais como hipertensão, diabetes, dislipidemia, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Paciente apresentava-se na entrada em regular estado geral, frequência cardíaca de 60 bpm e rítmico; pressão arterial 196 x 115 mmHg, dor difusa abdominal à palpação superficial, descompressão brusca negativa, sem gradiente térmico e sem sinais de peritonite, pneumatose e/ou perfuração. Possuía como exames laboratoriais alterados na admissão: eritrócitos 5,81 M/uL, hemoglobina 18,8 g/dL, hematócrito 54%, amilase 123 U/L e lipase 80 U/L. O diagnóstico foi realizado por meio do exame físico e tomografia computadorizada de abdome e pelve com contraste demonstrando importante suboclusão da artéria mesentérica superior na origem e fluxo filiforme, caracterizado posteriormente na arteriografia estenose hemodinamicamente significativa com falha de enchimento superior à 70% da luz em porção médio-proximal de artéria mesentérica superior, sem sinais de sofrimento de alças intestinais.
Discussão
Uma vez que não havia indicação de laparotomia de urgência quando da realização do diagnóstico, optou-se pela realização de tratamento endovascular com fibrinólise intra arterial percutânea obtendo-se sucesso cirúrgico e terapêutico. Na trombólise arterial foi utilizado alteplase através de cateter locado em artéria mesentérica superior,usando-se esquema de bolus de 3 mg seguido de infusão de alteplase na dose de 0,5 mg/hora por 24 horas e realizado controle arteriográfico no dia seguinte, com bom escoamento de contraste, sendo optado por interromper fibrinolítico. Foi garantida a restauração hemodinâmica e metabólica intestinal além de não ser realizado qualquer tipo de ressecção desse órgão. Ademais, paciente teve alta do serviço de cirurgia vascular e está em acompanhamento clínico pela hematologia onde foi diagnosticado posteriormente com policitemia secundária à neoplasia mieloproliferativa.
Palavras Chave
abdome agudo, trombose, artéria mesentérica superior, tratamento endovascular, fibrinólise
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Escola Paulista de Medicina / Unifesp - São Paulo - Brasil
Autores
Lucas de Azevedo Rodrigues, Martha Tieme Corsino Ikeda, Ana Laura e Silva Aidar, Douglas Sterzza Dias, Arthur Cristiano Baston, Daniel Guimarães Cacione