Dados do Trabalho


Título

DIVERTICULITE AGUDA: DOENÇA COMUM COM UMA COMPLICAÇAO EXTREMAMENTE RARA

Introdução

A diverticulose, ou seja, a presença assintomática de divertículos no cólon é bastante comum. A diverticulite aguda consiste na inflamação e na infecção desses divertículos, o que ocorre em 10 a 25% das pessoas com diverticulose. As possíveis complicações são perfuração com peritonite, formação de abscesso, fístula e estenose com obstrução colônica. O abscesso esplênico é um quadro raro e geralmente não associado à diverticulite.

Relato de Caso

Homem, 78 anos, referia dor abdominal intermitente e progressiva em lombar esquerda com irradiação para flanco ipsilateral e caráter de cólica. Negou sintomas associados como febre e alterações do hábito intestinal. Seus antecedentes pessoais incluíam hiperplasia prostática benigna em uso de sonda vesical de demora, hipertensão, diabetes mellitus, três infartos agudos do miocárdio tratados com cateterismo associado à angioplastia transluminal percutânea. Estava em uso recente de ciprofloxacino para profilaxia de infecções do trato urinário.
Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose e PCR elevado. Nos exames de imagem, o ultrassom abdominal mostrou esplenomegalia e a tomografia computadorizada revelou pneumoperitônio e uma coleção volumosa entre alça cólica e baço. A partir desses dados interrogou-se abscesso esplênico associado à diverticulite complicada de perfuração bloqueada.
O paciente foi submetido à laparotomia. Como a coleção estava limitada ao baço, optou-se pela esplenectomia. A terapêutica escolhida foi bem-sucedida, promovendo melhora do quadro clínico do paciente.

Discussão

O abscesso esplênico é uma condição incomum, uma vez que sua incidência em uma série de necropsias foi de 0.14—0.7%. É um processo supurativo que acomete parênquima esplênico ou espaço subcapsular, potencialmente fatal se não diagnosticado precocemente. Geralmente é associado com enfermidades prévias, como imunossupressão, uso de drogas injetáveis, trauma, hemoglobinopatias e infecções, principalmente a endocardite.
As apresentações clínicas são muito inespecíficas, como febre, dor abdominal difusa ou no hipocôndrio esquerdo, esplenomegalia e anorexia. Os exames laboratoriais, normalmente, evidenciam leucocitose, aumento de provas inflamatórias e hemocultura positiva na maioria dos casos. Para o diagnóstico são utilizados métodos de imagem como a tomografia computadorizada e a ultrassonografia. A TC tem sensibilidade de 95-100% e, ademais, tem a capacidade de definir a exata localização do abscesso, sendo o padrão ouro.
A melhor opção de tratamento ainda é discutível. Apesar da antibioticoterapia ter diminuído notadamente a mortalidade desses pacientes, não deve ser utilizada isoladamente. Enquanto que a drenagem percutânea é indicada quando o abscesso é único, sem septações e de material líquido pouco espesso ou em situações que a cirurgia é contra-indicada. A esplenectomia, classicamente, é o tratamento de escolha.
Em suma, destaca-se a importância de recordar deste diagnóstico diferencial, que apesar de raro, tem elevada taxa de mortalidade.

Palavras Chave

Baço, Abscesso, Esplenectomia

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

Júlia Paes da Rosa, Diego Fernando Martinez Palma, Euller Cristian Pinto, Amanda Naomi Sato , Felipe David Mendonça Chaim, Marcelo Francetich Nam , Sérgio San Gregorio Favero, Eduardo Iwanaga Leão