Título

Infecção por Coronavirus em pacientes da Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital São Paulo

Objetivo

Avaliar a incidência de CoVid-19 em pacientes internados sob assistência da equipe de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital São Paulo, realização de procedimentos invasivos, passagem por UTI e seu desfecho.

Método

Estudo retrospectivo com análise de dados de pacientes internados no Hospital São Paulo entre 10/03 a 10/07/2020 que tiveram seguimento pela equipe de Gastrocirurgia.

Resultados

Durante o período, 235 pacientes foram acompanhados. Dentre os internados eletivamente, 68 (90,7%) não foram testados. Dentre os sete testados, três tiveram CoVid-19: um estava já curado, sendo submetido ao procedimento programado, e doos apresentaram sintomas respiratórios no momento da admissão, sendo suspensos seus procedimentos. Destes, dois permanecem vivos e um paciente morreu. Dentre os internados pelo Pronto-Socorro, 131 pacientes não foram testados (81,9%). 29 pacientes foram testados, sendo oito positivos: três apresentaram sintomas durante a internação, três 3 internaram com sintomas respiratórios e dois já curados - sete foram submetidos a procedimentos. Destes, quatro permanecem vivos e quatro morreram (50%). Dos 235 internados, 209 (88,9%) foram submetidos a procedimentos invasivos: 104 (44,3%) foram submetidos a cirurgias, 51 (21,7%) a procedimentos endoscópicos, 28 (11,9%) a radiointervenção e 26 (11%) a dois ou mais modalidades. 26 pacientes (11,1%) não foram submetidos a nenhum tipo de procedimento. Das 125 cirurgias realizadas, 48 (38,4%) foram de grande porte, 57 (45,6%) foram de médio e 20 (16%) foram de pequeno. A maioria das cirurgias eletivas foi de caráter oncológico, a maioria das urgências foram não oncológicas. Durante a internação, 65 pacientes (27,7%) necessitaram de UTI.

Conclusões

A pandemia de CoVid-19 modificou o perfil dos pacientes acompanhados pela Gastrocirurgia do Hospital São Paulo, aumentando relativamente a quantidade de pacientes oncológicos e, consequentemente, mais graves. Permanece alta a taxa de procedimentos invasivos. Mesmo com recursos limitados, foi possível conter a disseminação da infecção com anamnese e exame clínico minuciosos e testagem precoce de casos suspeitos. Protocolos de testagem prévia de pacientes cirúrgicos assintomáticos devem ser estabelecidos para guiar a retomada gradual de eletivas não-oncológicas.

Palavras Chave

Coronavirus, CoVid-19, Procedimentos Invasivos, Cirurgia, Pandemia, Gastrocirurgia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Gastroenterologia Cirúrgica.