Título

PROGRESSAO DE DOENÇA METASTATICA CONCOMITANTE A REGRESSAO TUMORAL DURANTE QUIMIOTERAPIA PERIOPERATORIA EM NEOPLASIA GASTRICA

Introdução

Os tumores de Krukenberg são tumores ovarianos metastáticos, secundários do aparelho gastrointestinal. Em 90% dos casos o sítio primário é o estomago¹ e em mais de 80% dos casos os tumores são bilaterais², sendo que a histologa de células pouco coesas parece ser a mais comum.
Ainda não há uma definição de qual o tratamento ideal a ser realizado para as pacientes portadoras de tumores de Krukenberg. Diversas modalidades de tratamento foram sugeridas como cirurgia citoredutora, quimioterapia e/ou quimioterapia hipertérmica intraperitoneal³.
Racionalmente, espera-se que uma boa resposta à quimioterapia de um tumor gástrico primário, tenha efeito satisfatório no controle do tumor de Krukenberg, porém apresentamos um caso de uma paciente que, apesar de apresentar regressão tumoral de uma neoplasia gástrica durante a quimioterapia pré operatória, apresentou rapidamente o desenvolvimento de uma grande metástase ovariana.

Relato de Caso

L.N.F.S, uma paciente negra de 40 anos natural do Paraná foi encaminhada ao nosso serviço após ter apresentado como único sintoma a ocorrência de melena e ter realizado em outro serviço uma endoscopia digestiva alta em Outubro de 2019 com diagnóstico de adenocarcinoma pouco diferenciado com células em anel de sinete em região da cárdia até incisura angular. Apresentava como antecedentes cirúrgicos três cesarianas e como antecedentes familiares um irmão com neoplasia de esôfago aos 38 anos.
A paciente foi encaminhada para a realização de uma videolaparoscopia diagnóstica realizada em Dezembro de 2019 sem achados de ascite, metástase ou impressão serosa tumoral, sendo relatado como alterado apenas a presença de conglomerado linfonodal em raiz de mesentério. A paciente foi então encaminhada para quimioterapia perioperatória com o uso de Xelox com a realização de cinco ciclos sendo suspensos após por presença de icterícia leve. Uma nova endoscopia digestiva alta em Junho de 2020 revelou aparente regressão tumoral e presença apenas de deformidade em incisura angular. À tomografia computadorizada para estadiamento pré operatório se visualizou a tumoração ovariana.
Em junho 2020 foi submetida a uma gastrectomia total com linfadenectomia a D2 e reconstrução em Y de Roux, associada a anexectomia direita. A evolução pós operatória foi adequada e o resultado de anatomopatológico diagnosticou um tumor ypT4a,pN1,pM1 com acometimento de 1 linfonodo em cadeia linfonodal de pequena curvatura gástrica de 34 linfonodos avaliados. No momento a paciente segue em acompanhamento ambulatorial com programação de quimioterapia adjuvante.

Discussão

A regressão tumoral primária na maioria das vezes, indica boa resposta patológica ao tratamento quimioterápico, porém não exclui a possibilidade de progressão de doença e o aparecimento de lesões a distância deve ser avaliado. Novos estudos relacionados aos tumores de Krukenberg devem ser realizados para melhor compreensão fisiopatológica da doença e definição dos melhores tratamentos.

Palavras Chave

câncer gástrico
krukenberg
RECIST
regressão tumoral