Dados do Trabalho
Título
USO DE PNEUMOPERITONIO PROGRESSIVO PRE-OPERATORIO E TECNICA DE SEPARAÇAO DE COMPONENTES NO TRATAMENTO DE HERNIA VENTRAL COM PERDA DE DOMICILIO: UM RELATO DE CASO
Introdução
Hérnias Ventrais(HV) volumosas, geralmente, estão associadas à perda de domicílio(PD) visceral, consequência da progressão de um defeito na parede abdominal, impedindo, assim, que essa seja capaz de conter as vísceras, gerando uma protrusão para o saco herniário e para fora da parede abdominal. Essa patologia é relevante, haja vista a dificuldade de sua correção, bem como sua prevalência, que, segundo Bikhchandani et al., 2013, corresponde a 20% das laparotomias, resultando em um risco de 5% de vida. Sua reparação sem planejamento, pode conduzir a um quadro de insuficiência respiratória, síndrome compartimental abdominal ou fechamento do defeito em ponte. O pneumoperitônio progressivo pré-operatório(PPP) associado à técnica de separação de componentes (TSC) promovem o retorno da pressão intra-abdominal, estabiliza a função respiratória e aumentam o volume da cavidade abdominal (VCA).
Relato de Caso
ACS, 64 anos, IMC 34,7 e HAS, admitido com hérnia incisional e PD, após complicações de laparotomia prévia. Tomografia de abdome (TC) relatava defeito de 10,5 cm, volume do saco herniário (VSH): 2.608,9 cm3, VCA de 7.446 cm3 e relação de volumes (RV): 35%. Conforme protocolo do serviço, realizado PPP com média diária de 1738 mL, por 11 dias efetivos. TC d controle mostrava aumento de 54,8% do VCA e redução completa do conteúdo herniado. No D15, o paciente foi submetido a reconstrução da parede pela técnica de separação de componentes anterior (TSCA) com reforço de tela de polipropileno, além de abdominoplastia. Os procedimentos ocorreram sem intercorrências. Tempo de UTI foi 1 dia, com alta hospitalar no 2º DPO. Sem complicações pós-operatórias.
Discussão
Não há consenso sobre o melhor uso do PPP nem qual o melhor método. Renard et al., com uso do ar ambiente, mostrou aumento médio do VCA em 53%, injeção média de 1227 mL/dia em 45 casos, enquanto Valezi et al. mostrou redução de 21,9% na RV e aumento em 21% do VCA, ao insuflar 475mL/dia de CO2, com baixo índice de complicações. A TSCA é indicada no defeito > 10 cm, promove avanços de até 16 cm, diminuindo as recidivas dos casos complexos. Metanálise com 285 pacientes mostrou recorrência de 9,5% e complicações de ferida operatória (CFO) em 21,6%, já Cornette et al., com 665 pacientes, mostrou resultados com recidiva em 11,9%, além de taxas semelhantes de CFO. Não há estudos com evidência suficiente em definir qual a melhor TSC a ser utilizada, porém a associação das duas técnicas pode ajudar o tratamento de defeitos complexos de parede com PD.
Palavras Chave
Hernia; Hernia ventral; Cirurgia; Pneumoperitônio Progressivo Pré-operatório;
Área
HÉRNIAS E PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - Bahia - Brasil
Autores
Letícia Freitas Mathias, Carolyne Sampaio Santiago Galindo Galvão de Moura, Rafaela Ferreira dos Santos