Dados do Trabalho
Título
NEFRECTOMIA BILATERAL DE RINS NATIVOS: UMA ALTERNATIVA A PIELONEFRITE DE REPETIÇAO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS
Introdução
A doença renal policística autossômica dominante é caracterizada pela formação de múltiplos cistos bilaterais nos rins que podem cursar com dor lombar, hemorragia dos cistos, pielonefrite recorrente, nefrolitíase e carcinoma renal, além de anormalidades sistêmicas. É a doença hereditária que mais cursa com insuficiência renal terminal, possuindo uma prevalência de 1/500 a 1/10000. Os pacientes submetidos ao transplante pela glomerulonefrite familiar possuem uma sobrevida semelhante aos pacientes que também são transplantados por outros tipos de falência renal. Os rins nativos ainda constituem uma fonte de infecção recorrente nos pacientes transplantados que podem ser ainda mais severas no período pós-transplante pelo uso de imunossupressores. Em alguns casos os pacientes podem ser submetidos à nefrectomia para redução de complicações locais e para disponibilização de local para acomodar o rim doado, não sendo realizada de forma profilática a não ser no caso de realização concomitante a doação.
Relato de Caso
Paciente branca, 46 anos, com história familiar de complicações de insuficiência renal crônica devido à doença renal policística bilateral. Aos 26 anos, foi diagnosticada com doença renal policística bilateral após episódios de infecção do trato urinário de repetição. Permaneceu em seguimento ambulatorial evoluindo com hipertensão arterial sistêmica e disfunção renal, iniciando hemodiálise. Foi submetida a transplante renal de doador falecido, recuperando a função renal e evoluindo sem necessidade de hemodiálise. Realizou corticoterapia em doses imunossupressoras evoluindo com diabetes insulinodependente. Após um ano, iniciou quadro de pielonefrite de repetição dos rins nativos, em três períodos diferentes, necessitando de antibioticoterapia de amplo espectro e, no contexto de imunossupressão e infecções de repetição, foi indicado a nefrectomia bilateral. A paciente foi internada no Hospital Estadual Getúlio Vargas/RJ em março de 2020. Foi realizado o procedimento de nefrectomia bilateral. A paciente apresentou boa evolução recebendo alta hospitalar no terceiro dia de pós-operatório com retorno ambulatorial. Mantém seguimento ambulatorial sem intercorrências.
Discussão
Rotineiramente, não é possível a realização de uma nefrectomia profilática nos casos de pacientes que serão transplantados no cenário da doença policística renal. Na literatura, ainda não são claras as indicações, benefícios e opções estratégicas para esse procedimento. Esse relato mostra a experiência do serviço frente a um caso de infecções recorrentes dos rins nativos - que deve ser suspeitada em pacientes transplantados apresentando leucocitose, queda do estado geral e febre -, bem como a conduta terapêutica para o mesmo. Portanto, a nefrectomia bilateral se faz uma opção de tratamento e, em associação a estudos futuros, será possível homogeneizar o as condutas perante a essa complicação.
Palavras Chave
Rim Policístico Autossômico Dominante, Transplante de Rim, Nefrectomia
Área
TRANSPLANTES
Instituições
Hospital Estadual Getulio Vargas - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Ian Damas Vieira, Beatriz Lopes Silva, Roberta Neves Ferreira, Marcelo de Ávila Trani Fernandes, Talita Dourado Rocha, Emerson Wesley de Freitas Cordeiro, José Francisco Mesquita Martins, Fernando Bousfield Paula Ramos