Dados do Trabalho


Título

NUMERO DE DIAGNOSTICOS DE CANCER NO BRASIL FRENTE A PANDEMIA DE CORONAVIRUS: UM ESTUDO COMPARATIVO

Objetivo

O atual cenário de pandemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pelo coronavírus-2 (SARS-CoV-2) no Brasil mudou completamente a dinâmica dos serviços de saúde, com a maior parte dos recursos disponíveis sendo direcionados para o tratamento dos pacientes afetados. Além disso, desde a instituição de medidas como o distanciamento social como prevenção ao contágio por COVID-19, muitos pacientes, sobretudo aqueles pertencentes aos grupos de risco – pessoas com mais de 60 anos, pacientes com doenças crônicas e imunossupressos – evitaram a busca por serviços médicos tanto na atenção primária quanto em emergências hospitalares, principalmente aqueles que apresentaram sintomas vagos, como fadiga, perda de peso ou mudança de hábito intestinal, atrelados a estádios oncológicos iniciais. Dessa forma, os riscos relacionados à pandemia impuseram à saúde pública uma possível redução na triagem oncológica, possibilidade que foi averiguada neste estudo, buscando evidenciar no Brasil essa queda diagnóstica a fim de corrigi-la por meio de medidas públicas.

Método

Análise comparativa dos dados extraídos do Painel Oncologia da plataforma DataSUS sobre diagnóstico de câncer, relativos aos anos de 2018, 2019 e 2020 no Brasil.

Resultados

No ano de 2018, 310.058 novos casos de câncer foram diagnosticados no Brasil, sendo 52,6% (163.11) dos pacientes com 60 anos ou mais. Em 2019, o número de diagnósticos foi ainda maior, totalizando 513.858 novos casos, dos quais 51,05% (262.349) pertenciam às faixas etárias acima dos 60 anos. Já em 2020, até o mês de junho, o total de diagnósticos oncológicos foi de 122.908, e 49,56% (60.919) desses casos correspondiam a pacientes com mais de 60 anos. Outro dado relevante diz respeito ao estadiamento no diagnóstico: em 2018, os estádios 0, 1 e 2 somaram 48.443 (15,62%) dos novos casos, enquanto, em 2020, os mesmos estádios somam 5.446 (8,93%) dos casos até junho.

Conclusões

O número absoluto de diagnósticos de novos casos oncológicos teve uma queda significativa, sob um prisma proporcional, no primeiro semestre de 2020. Não houve redução significativa na taxa de diagnósticos correspondente às faixas etárias acima dos 60 anos, que representam parte do grupo de risco para a SARSCoV-2. Entretanto, há uma evidente queda na taxa de diagnósticos dos estádios oncológicos iniciais, relacionadas a sintomas inespecíficos e melhor prognóstico. Assim, apesar do cenário pandêmico crítico, ressalta-se a necessidade de intensificação do processo diagnóstico na atenção primária, dada a sobrepujância do decréscimo na identificação de novos casos oncológicos tanto de maneira absoluta quanto, sobretudo, em estádios iniciais, fator que limita as probabilidades de tratamento e cura.

Palavras Chave

Câncer; Pandemia; Diagnóstico; COVID-19; SARS-CoV-2; DataSUS

Área

MISCELÂNEA

Instituições

UFCSPA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Gabriela Salzano, Danna Gomes Mateus, Rodolfo Rodrigues de Jesus, Júlia Iaroseski, Ana Luíza Kolling Konopka, Eduardo Corleta Martinez, Thomas Kelm, Candida Mozzaquatro de Assis Brasil