Dados do Trabalho


Título

PERFIL EPIDEMIOLOGICO DAS VITIMAS DE QUEIMADURAS POR FOGOS DE ARTIFICIO NO NORDESTE ENTRE 2010 E 2020

Objetivo

Descrever e comparar o perfil epidemiológico das vítimas de queimaduras por fogos de artifício no Nordeste durante o período de 2010 a 2020.

Método

Refere-se a um estudo descritivo de corte transversal com dados obtidos do Sistema de Internações do SUS (SIH/SUS), os quais foram publicados pelo Ministério da Saúde através do DATASUS. O período analisado foi de 10 anos (janeiro de 2010 a janeiro de 2020), na região nordeste. Foram critérios avaliados a faixa etária, sexo, número total de internações por estado, número total de óbitos, valor total dos serviços hospitalares e o tempo de permanência. Além disso, foi considerado o caráter de Urgência, sendo analisada a distinção entre o internamento público e o privado.

Resultados

Observou-se que o sexo mais acometido no período foi o masculino, correspondendo a 81,7% dos casos e, consequentemente, o de maior custo, R$ 1.069.504,98, o que representa 80,1% do total. O estado com mais internações e maior custo total foi a Bahia, nesse caso, com 70,8% das internações e 78,7% do valor gasto no período. Em relação à faixa etária, pode-se observar um maior número de internamentos na faixa de 30 a 39 anos (17,0%) e, por outro lado, a mortalidade foi maior na faixa de 80 anos e mais (12,5%), o que pode ser associado ao declínio fisiológico natural do envelhecimento, que os predispõe a piores prognósticos. O estado com maior mortalidade avaliada foi o Piauí (4,17), cerca de 4,12 vezes maior que a mortalidade geral da Região Nordeste (1,01). Quando se tratando do valor total de serviços hospitalares, o regime público teve maior custo (R$ 516.091,40) quando comparado ao regime privado (R$ 39.430,58), no entanto essa discrepância pode ser maior ou até mesmo menor, tendo em vista que 38,9% do custo total teve o caráter de regime ignorado em seu registro. Em relação ao número de casos por meses, nota-se um maior número de internamentos nos meses de junho e julho, os quais corresponderam a 41,3% do total.

Conclusões

Observou-se no presente estudo grande prevalência de internamentos e óbitos decorrentes de queimadura por fogos de artifício no Nordeste, sobretudo no estado da Bahia. Essa diferença pode estar atrelada às tradicionais festas juninas com o uso recorrente de fogos de artifício. Ademais, percebe-se maior prevalência em crianças e adultos jovens do sexo masculino, havendo grande discrepância entre os internamentos nos meses nos períodos de São João (Junho e Julho) em relação aos demais meses do ano. Tendo em vista a magnitude desta condição no Nordeste e o forte impacto econômico na Saúde Pública, tal estudo pode ser utilizado como base para o planejamento de políticas públicas focadas na prevenção e tratamentos custo-efetivos relacionados a queimaduras por fogos de artifício.

Palavras Chave

Trauma. Queimaduras. Fogos de Artifício

Área

TRAUMA

Instituições

Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) - Bahia - Brasil

Autores

Rodrigo Bartolomeu Sobral Neves, Larissa Melo Targino, Larissa Rocha Atayde Moreira, Maria Eduarda Lehubach Ferreira Prates, Tauá Vieira Bahia