Dados do Trabalho


Título

HEPATICOJEJUNOSTOMIA EM Y DE ROUX NA SINDROME DE MIRIZZI GRAU IV: UM RELATO DE CASO

Introdução

A síndrome de Mirizzi consiste em obstrução do ducto hepático comum ou do colédoco, secundária à compressão extrínseca devido à impactação de cálculos no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula biliar. A literatura nos confirma que essa condição se tornou um verdadeiro desafio para o cirurgião, tendo em vista que o manejo inclui diferentes tipos de abordagens, objetivando uma correção segura de modo a evitar a lesão da via biliar. O objetivo desse relato de caso é apresentar uma experiência do Hospital Estadual Getúlio Vargas no manejo de um caso de Síndrome de Mirizzi grau IV.

Relato de Caso

Mulher de 66 anos, negra, portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, deu entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas com quadro sugestivo de colecistite aguda. Foram realizados: ultrassonografia de abdome - com evidência de vesícula distendida com paredes espessadas e múltiplos cálculos em seu interior; tomografia computadorizada de abdome - com sinais de colecistite litiásica, sem dilatação de vias biliares; e exames laboratoriais - ausência de leucocitose e enzimas canaliculares pouco acima dos valores de referência; sem demais alterações. Foi indicada, portanto, colecistectomia subtotal à Torek em decorrência da difícil dissecção do infundíbulo. Durante o ato cirúrgico, após múltiplas colangiografias intra-operatórias, evidenciou-se a secção do ducto hepático comum por se tratar de uma Síndrome de Mirizzi grau IV diagnosticada no intra-operatório. Por fim, realizou-se a ligadura do colédoco com drenagem de biliar via hepático comum e drenagem de cavidade. Nas 12h subsequentes, foi realizada a correção cirúrgica desta lesão por meio da hepaticojejunostomia em Y de Roux com anastomose biliodigestiva cateterizada com sonda de aspiração para vigilância anastomótica, além de drenagem da cavidade peritoneal com dreno de Sumpy. O pós operatório se sucedeu sem intercorrências, com boa aceitação de dieta a partir do segundo dia, baixo débito do dreno que foi retirado no sexto dia. Alta hospitalar no sétimo dia, com seguimento ambulatorial.

Discussão

Apesar de rara, a síndrome de Mirizzi é um diagnóstico de grande importância para a formação do cirurgião geral, uma vez que, ao se tratar de uma complicação da colelitíase - condição de alta incidência na sociedade -, pode eventualmente estar presente durante a rotina desta especialidade. Por ser composta de sintomas tão inespecíficos, esta patologia acaba, por diversas vezes, se tornando um achado intra-operatório. No caso relatado, foi optado pela realização de anastomose biliodigestiva, com confecção de alça sentinela para facilitar possíveis abordagens endoscópicas futuras e para realizar vigilância da anastomose por meio de colangiografia.

Palavras Chave

Síndrome de Mirizzi, Anastomose em-Y de Roux, Ductos Biliares.

Área

VIAS BILIARES

Instituições

Hospital Estadual Getúlio Vargas - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Ian Damas Vieira, Marcelo de Ávila Trani Fernandes, Alex Lima Sobreiro, Aldrin Malta Brandão, Vinicius De Freitas Marques, Larissa Couto Montenegro, Amanda Priscila de Carvalho Almeida Calvet Garcia, Laura Silva de Oliveira