Dados do Trabalho


Título

TORACOSTOMIA TUBULAR COMO CAUSA PONTUAL DE QUILOTORAX

Introdução

O quilotórax traumático é um evento resultante da descontinuidade estrutural ou obstrução da circulação linfática, predominantementedo ducto torácico, direta ou indiretamente, por força externa com vazamento de seu conteúdo na cavidade. O quilotórax secundário à drenagem do tórax é uma entidade rara, onde o relatório de E.P. Churchill em 1948 apud Baldridge e Lewis[1] foi o primeiro dos cinco casos descritos na literatura até o momento [1–5]. Relatamos um caso de um paciente que desenvolveu quilotórax após inserção de um tubo de drenagem torácica.

Relato de Caso

O caso envolveu um homem de 55 anos que sofreu um acidente com uma serra elétrica, inicialmente visto em um hospital nos arredores de Cidade de São Paulo. Presença de ferida penetrante na região anterior do hemitórax direito ao nível do 4º espaço intercostal. A avaliação inicial revelou pneumotórax à direita e um fragmento de metal profundamente enraizado na parede torácica anterior. O paciente foi submetido à drenagem torácica. O paciente foi encaminhado ao Serviço Torácico do Hospital Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Um dia após a admissão em nosso serviço, houve uma alteração significativa no aspecto do fluido de drenagem, que se tornou leitoso, indicativo de quilotórax. A análise laboratorial revelou exsudato nublado branco-rosado e o seguinte perfil bioquímico: LDH = 281 U / L, glicose = 331 mg / dL, pH = 6,8, proteínas totais = 3,9 g / dL, TRIGLICERÍDEOS = 974 mg / dL. O paciente foi submetido à videotoracoscopia no lado direito, com a cavidade pleural mostrando acúmulo moderado de quilotórax, além de um pequeno número de aderências pleurais à parede torácica anterior que, quando liberadas, revelavam a presença de fragmento de metal penetrante no espaço pleural. A ponta do dreno de tórax colocado anteriormente estava situada logo abaixo do lado direito comprimindo a parte inferior do mediastino posterior, local correspondente anatomicamente à topografia do ducto torácico. A remoção do dreno pleural não revelou lacerações aparentes ou focos de fistulização. O corpo estranho foi removido, a cavidade pleural foi lavada e um dreno torácico foi colocado em posição póstero-superior. O paciente foi submetido a jejum e alimentação parenteral por seis dias. A análise bioquímica do líquido pleural foi repetida, mostrando níveis normais de triglicerídeos. Alimentação oral foi retomado e o dreno pleural removido, com a alta hospitalar no décimo dia pós-operatório.

Discussão

O quilotórax como complicação da drenagem torácica é extremamente raro, sendo este o sexto caso relatado na literatura, mas é uma condição que pode levar a repercussões potencialmente graves. Embora seja um caso pontual, o fato de ser secundário a uma rotina. A intervenção amplamente realizada torna relevante essa complicação potencialA possibilidade de quilotórax deve ser considerada quando outras causas de derrame linfático são improváveis e quando a técnica usada para a drenagem pleural é inadequada ou desconhecida.

Palavras Chave

Quilotórax
Duto torácico
Drenagem
Derrame pleural
Toracoscopia

Área

TÓRAX

Instituições

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

IGOR EDUARDO CAETANO FARIAS, PAULO FABRÍCIO STANKE, RODRIGO SAKAE, ALDO PARODI, VICENTE DORGAN, MARCIO BOTTER, ROBERTO SAAD JUNIOR