Dados do Trabalho
Título
TRAUMA PANCREATICO: RELATO DE CASO
Introdução
O trauma pancreático representa um desafio para o cirurgião por sua localização retroperitoneal e por sua fisiologia e relação com estruturas vitais. Por isso, as decisões quanto à conduta devem ser individualizadas e baseadas na graduação das lesões.
Relato de Caso
Paciente de 20 anos, sexo masculino, vítima de colisão moto x carro há 04 dias, posteriormente arremessado contra muro de concreto. Atendido no dia do trauma, sendo realizada analgesia e alta hospitalar. Ao exame físico, dor à palpação do abdome superior, sem irritação peritoneal. Em TC de abdome, identificada lesão em cabeça de pâncreas, a direita dos vasos mesentéricos, com moderada quantidade de líquido livre e duas volumosas coleções peripancreáticas, optando-se inicialmente por conduta conservadora da lesão pancreática grau IV. Em RM de abdome, identificou-se lesão do ducto pancreático principal ao nível colo do pâncreas com duas coleções comunicantes entre si - 1300ml e 300ml. Realizou-se a drenagem percutânea das coleções abdominais, com dreno de pigtail, guiada por USG, com saída de líquido de aspecto claro e inodoro. Evoluiu com melhora do desconforto abdominal e boa tolerância alimentar, porém mantendo débito elevado pelo dreno abdominal. Encaminhado para realização da CPRE com passagem de prótese endoscópica no ducto de Wirsung para drenagem interna da coleção e tratamento da lesão ductal. Evoluiu com melhora clínica e drenagem progressivamente menor de líquido claro no dreno abdominal. Em TC de controle no 6º DPO, evidenciou-se prótese normoposicionada e ausência de coleção residual. Retirado dreno de pigtail, recebeu alta hospitalar.
Discussão
As condutas a serem estabelecidas após trauma pancreático são diversas e nem sempre concordantes na literatura médica. Gradua-se as lesões (I – V) de acordo com a transecção do ducto pancreático e por sua localização em relação aos vasos mesentéricos. Sabe-se que em casos de trauma agudo à esquerda dos vasos mesenstéricos, com transecção do ducto pancreático, a conduta cirúrgica está bem estabelecida. No entanto, em caso de traumas à direita dos vasos mesentéricos não abordados na fase aguda, com estabilidade clínica, as condutas são divergentes, optando-se majoritariamente pela conduta expectante e pelo tratamento das possíveis complicações. Na casuística relatada, trauma pancreático contuso grau IV, atendido em fase tardia, optou-se pela drenagem percutânea das coleções intrabdominais. No entanto, pela persistência do alto débito da fístula pancreática, realizou-se a drenagem interna por CPRE, com passagem de prótese endoscópica no ducto de Wirsung – conduta menos invasiva quando comparada ao tratamento cirúrgico. Tendo em vista o desfecho favorável no caso relatado e a divergência na literatura médica, é imperativo a individualização dos casos de trauma pancreático, evitando-se intervenções desnecessariamente agressivas com o intuito de preservação endócrina e exócrina do órgão, colaborando para uma menor morbimortalidade e maior qualidade de vida.
Palavras Chave
pâncreas
trauma pancreático
lesão pancreática
trauma pancreático contuso
trauma contuso
colangiopancreatografia retrógrada endoscópica
Área
PÂNCREAS
Instituições
HOSPITAL JULIA KUBITSCHECK - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANDRÉ LANA PIMENTA, TARCÍSIO VERSIANI DE AZEVEDO FILHO, WANDER CAMPOS MARCOS, SARAH OLIVEIRA ROCHA, VICTOR HUGO CARVALHO FOUREAUX, DEBORA GANDRA ALVARENGA, PAULO HENRIQUE MARCELINO AMARAL, BARBARA MARIA ASSIS RABELO