Dados do Trabalho
Título
UTILIZAÇAO DE METODO NAO TRADICIONAL PARA DIAGNOSTICO DE LESAO EM BEXIGA URINARIA POS-TRAUMA CONTUSO
Introdução
Lesões à bexiga urinária estão presentes em cerca de 10% de todos os traumas abdominais e estão associadas a altas taxas de morbidade e mortalidade. Essas lesões podem ser subdivididas em extraperitoneais (EP), intraperitoneais (IP) e combinadas em ordem decrescente de prevalência. A abordagem cirúrgica é indicada em casos de lesões IP e em alguns casos de lesões EP, porém o tratamento de danos à bexiga urinária tende a ser, em sua maior parte, conservador com uso de cateter vesical. Relatamos o caso a seguir para expor a possibilidade de diagnóstico preciso através de método clínico somado a resultados de exames laboratoriais e tomografia computadorizada (TC) sem o uso de contraste iodado, diferindo do método mais tradicional.
Relato de Caso
Paciente AFP, masculino, 30 anos, procurou o serviço de emergência do Hospital Municipal Dr. Amadeu Puppi em Ponta Grossa (PR) apresentando dor abdominal hipogástrica com evolução de dois dias. Dois dias antes da admissão, o paciente esteve envolvido em acidente automobilístico de baixo impacto seguido de agressões físicas graves. Relatou baixo débito urinário e dor intensa em abdome inferior. Os níveis de Proteína C Reativa (215,2mg/L), Creatinina (4,87mg/dl), Uréia (118mg/dl) e Leucócitos (22.060/mm³) estavam elevados. A TC, sem uso de contraste iodado mostrou grande quantidade de líquido intraperitoneal, suspeitou-se de lesão de bexiga urinária com extravasamento de conteúdo, corroborando com os dados laboratoriais acima citados. Paciente sob anestesia geral, posicionado em decúbito dorsal. Realizada incisão mediana xifopúbica e verificou-se grande quantidade de líquido citrino na cavidade compatível com urina. Foram também encontradas laceração de fundo da bexiga urinária de 7cm e lesão distando aproximadamente 5cm de trígono vesical. Os ureteres estavam íntegros. Foi realizada cistorrafia em três planos (mucoso, detrusor e peritoneal) com posterior cistostomia com sonda de Foley 18 em parede anterior e colocação de dreno de suctor 4.8 em espaço de Retzius. Fechamento por planos foi realizado. Paciente com melhora de sintomas de dor e distensão já no primeiro dia após o procedimento com normalização de exames laboratoriais com a evolução. Após 7 dias paciente recebeu alta com orientações e prescrições.
Discussão
O reconhecimento precoce de um rompimento ou laceração de bexiga urinária pós-trauma pode prevenir diversas complicações decorrentes de extravasamento de urina, que podem incluir: peritonite, sepse, urinoma e distúrbios eletrolíticos devidos à reabsorção. Hematúria maciça e creatinina aumentada podem ser encontradas em exames laboratoriais. Sinais clínicos comuns são: enrijecimento da região suprapúbica, baixo débito urinário, edema perineal e dor abdominal.
Cistografia com raio X e TC com uso de contraste iodado são os métodos diagnósticos de imagem mais tradicionais, porém é notável a possibilidade de diagnóstico preciso com uso de TC sem contraste associada à história clínica e aos exames laboratoriais do paciente.
Palavras Chave
Trauma contuso, bexiga
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná - Brasil
Autores
Marcelo Augusto De Souza, Pedro Henrique De Paula, Marco Aurelio Anginski, Marcelo Oliveira Dreweck, Amanda De Souza Lemos