Dados do Trabalho


Título

APENDICITE NA HERNIA DE AMYAND - RELATO DE CASO

Introdução

A hérnia de Amyand é caracterizada pela presença do apêndice vermiforme no interior do saco herniário inguinal, com ou sem sinais inflamatórios. Clinicamente se apresenta como hérnia encarcerada ou estrangulada se ocorrer simultaneamente à apendicite. Geralmente o diagnóstico é intra-operatório e sua importância se dá pela alta taxa de mortalidade e complicações decorrentes do diagnóstico tardio.

Relato de Caso

Homem, 21 anos, com dor abdominal em quadrantes inferiores de intensidade gradual 8/10 há 24h, acompanhada de anorexia, náuseas, vômitos e calafrios, que retornam mesmo após analgesia. Previamente hígido e sem cirurgias anteriores. Ao exame físico, abdome plano, ruídos hidroaéreos presentes e timpanismo à percussão. Dor a palpação profunda em fossa ilíaca direita (FID) sem sinais de peritonite. Tomografia computadorizada (TC) contrastada de abdome mostrou apêndice vermiforme póstero-medial ao ceco, com paredes espessas e edemaciadas no coto distal, medindo 13 mm e densificação da gordura mesentérica adjacente. PCR 13mg/L e leucócitos 16200/mm3 sem desvio à esquerda. Somatória de 6 pontos no escore Alvarado, constatou apendicite aguda. Durante a cirurgia foi identificado apêndice encarcerado em canal inguinal, com sinais inflamatórios e moderada quantidade de líquido em fundo de saco. Realizou-se apendicectomia e antibioticoterapia.

Discussão

A hérnia de Amyand representa menos de 1% de todas as hérnias inguinais e seu aparecimento simultâneo à apendicite aguda é ainda mais raro. Aparece com maior frequência no sexo masculino e em crianças pela permanência do processo vaginal, mas pode surgir em qualquer idade. Costuma ocorrer à direita pela posição anatômica normal do apêndice, mas também pode surgir à esquerda.O mecanismo da apendicite na hérnia inguinal não é totalmente elucidado, mas acredita-se estar relacionado ao encarceramento do apêndice, ao aumento dos riscos de aderência, a contração de músculos abdominais causando compressão e obstrução funcional do apêndice, e ao edema inflamatório, que tornam a hérnia irredutível, causam estase venosa e prejudicam a circulação, facilitando a proliferação bacteriana.O paciente pode cursar com dor epigástrica/peri-umbilical que converge para FID e tumefação mole irredutível na região inguinal/inguino-escrotal. Costuma simular hérnia encarcerada, mas pode apresentar obstrução intestinal, distensão abdominal, vômitos e sinais de peritonite.O diagnóstico pode ser pré-operatório, quando a TC apresenta estrutura tubular de fundo cego no saco herniário surgindo da base do ceco, um sinal patognomônico.Essas hérnias são divididas em cinco tipos de acordo com a descrição do apêndice no saco herniário e sua classificação determina a conduta. O caso relatado foi classificado como tipo 2 – apendicite aguda não complicada na hérnia inguinal – cujo tratamento é apendicectomia, antibióticos de amplo espectro e herniorrafia primária sem colocação de tela, porém optou-se pela abordagem da hérnia posteriormente, em outro tempo cirúrgico.

Palavras Chave

apendicite, hérnia inguinal, apendicectomia, herniorrafia

Área

HÉRNIAS E PAREDE ABDOMINAL

Instituições

USF - São Paulo - Brasil

Autores

Laura Domingues Rodrigues, Fernanda Henrique David Mendes, Igor Arantes de Oliveira Góes, Antonio Henrique Rebolho Batista da Silva, Ciro Carneiro Medeiros, Danilo Toshio Kanno