Título

ENDOMETRIOSE EM APÊNDICE: UM RELATO DE CASO

Introdução

Endometriose é definida como a presença de tecido endometrial, em funcionamento, fora da cavidade uterina. Dentre os tipos relatados até hoje, temos a endometriose apendicular, que corresponde a menos de 1% do total de casos de endometriose. Sendo assim, o objetivo deste estudo é descrever um caso de endometriose que é relativamente incomum em pacientes com a doença e raro na população em geral.

Relato de Caso

Feminina, 46 anos, G1A1. Há 3 anos iniciou quadro de dismenorreia e metrorragia, associado a dor intensa em baixo ventre, tipo cólica. Realizou tratamento clínico prévio, com falha terapêutica. Trazia consigo ultrassonografia de 2018, que evidenciava: volume uterino de 214 cm3, com presença de miomas: um em parede anterior com componente intramural e subseroso medindo 28x22x24mm, um subseroso com componente intramural medindo 24x23x24mm, e um intramural medindo 20x17x17mm. Devido a manutenção e intensidade das queixas clínicas, paciente foi internada para realização de cirurgia de histerectomia subtotal via abdominal.
Durante procedimento, devido a comprometimento pela endometriose dos anexos e ovário direito, procedeu-se com salpingectomia e ooforectomia a direita. No intraoperatório, também foi visualizado apêndice vermiforme aumentado de volume e com paredes espessas, optando-se por realizar a apendicectomia. Paciente evoluiu bem tendo alta no primeiro pós operatório.
Em retorno ambulatorial, checou-se resultado do anatomopatológico, o qual evidenciou adenomiose e leiomioma em peça uterina e foco de endometriose em apêndice vermiforme.

Discussão

Endometriose é uma doença comum em até 15% de mulheres em idade fértil. Constitui-se pela presença de tecido endometrial em localização fora da cavidade uterina, sendo uma comorbidade hormônio dependente. Fatores de risco para endometriose incluem: menarca antes dos 11 anos de idade e ciclos menstruais prolongados.
A etiologia da endometriose é ainda controversa. Dentre as teorias estão: menstruação retrógada, fatores imunológicos e não diferenciação de tecidos Mullerianos no período embrionário.
A doença comumente se manifesta com: dispareunia, dor pélvica intensa, metrorragia e até infertilidade. A análise clínica associada a exames de imagem pode ajudar no diagnóstico, porém o padrão ouro para o reconhecimento da endometriose é a laparoscopia com biópsia do tecido.
Os locais de manifestação da doença são diversos, indo desde trato gastrointestinal até pericárdio. A endometriose intestinal pode se desenvolver de 5% a 27% dos casos da doença, sendo as localizações mais frequentes: reto (79%), sigmóide (24%), apêndice (19%). Quando acomete o trato gastrintestinal, pode gerar sintomas de abdome agudo em torno de 12% dos casos, acometendo o apêndice em 0,8-20%. Casos submetidos à apendicectomia apresentam menos de 1% de histopatologia positiva para endometriose.
Devido à pouca incidência de endometriose em apêndice e de esta etiologia ser causa de abdome agudo no sexo feminino, tornou-se relevante a descrição deste caso.

Palavras Chave

Endometriose, apendicectomia, apêndice, abdome agudo, histopatologia, ginecologia