Título

DIVERTICULO DUODENAL DE GRANDE VOLUME: RELATO DE CASO

Introdução

Divertículos são protusões da parede de um órgão oco e podem estar presentes em todo o trato digestivo. Apesar de se apresentarem principalmente no cólon, aproximadamente 23% da população têm divertículo duodenal (DD). Quando presentes, são mais comuns em pessoas com idade avançada. Aproximadamente 90% dos pacientes são assintomáticos, porém, quando presentes, as queixas mais comuns são dor epigástrica pós-prandial e distensão abdominal. O diagnóstico pode ser obtido a partir de uma endoscopia digestiva alta (EDA) ou uma tomografia computadorizada (TC) de abdome. As complicações são raras, mas foram relatadas sangramento gastrointestinal, obstrução biliar, perfuração e raramente Síndrome de Lemmel. O tratamento é indicado apenas para os pacientes com sintomas constantes ou refratários e, a depender da gravidade e da presença de complicações, pode ser indicada a ressecção cirúrgica.

Relato de Caso

A.B., 75 anos, feminino, natural de Rifaina - SP e procedente de Ribeirão Preto - SP, branca, casada, empresária, católica. Procurou atendimento com queixas dispépticas há 20 anos. Relatava distensão abdominal que piorava à noite e após alimentação. Em jejum, sentia epigastralgia de leve intensidade, sem irradiação, com melhora ao uso de sintomáticos e esta era associada a eructações e sensação de empachamento. Em uso de omeprazol há 20 anos, tinha história frustra de gastrite e doença do refluxo diagnosticada por EDA, porém não portava o exame nem sabia a data exata de realização. Contava ser ex-tabagista e sedentária. Não havia comorbidades e uso de outras medicações. Elaborada a hipótese de dispepsia, foi solicitada EDA. No retorno, trouxe o resultado do exame que apontou gastrite enantematosa antral, crônica, leve, com área de metaplasia intestinal em mucosa antral, xantelasma antral e H. pilory negativo. Conjuntamente, trouxe resultado de TC de abdome, solicitada por um urologista que pesquisava nefrolitíase. O resultado mostrava um divertículo colônico e um DD de grande volume o qual não foi visualizado na EDA. A conduta, pela pouca sintomatologia e ausência de complicações foi conservadora e a paciente foi mantida em seguimento.

Discussão

O DD volumoso é uma entidade rara, cujo diagnóstico se tornou mais possível com o advento da TC já que somente a EDA não é suficiente para visualizar essa anomalia. Além da baixa prevalência, possui apresentação clínica inespecífica - como apresentado no caso - e acaba sendo subdiagnosticada e tratada como outras afecções gastrointestinais. Assim, seu relato é relevante. O DD volumoso merece atenção clínica por ser uma doença de diagnóstico muitas vezes incidental que pode ser erroneamente interpretada e, assim, proporcionar condutas equivocadas para com o paciente.

Palavras Chave

divertículo, duodeno, divertículo duodenal