Dados do Trabalho


Título

CICATRIZ HIPERTROFICA EM VESTIBULO NASAL BILATERAL APOS EXERESE DE OSTEOMA NASAL GIGANTE: UM RELATO DE CASO

Introdução

Cicatrizes hipertróficas formam-se por meio da proliferação excessiva de fibroblastos, a qual leva ao agrupamento de matriz extracelular, tendo como principal evento a intensa geração de colágeno. Desse modo, elas se constituem em cicatrizes em relevo, apresentam tensão e são restritas às margens da lesão de origem (comportamento clínico que as diferencia dos queloides). Portanto, são cicatrizes que se desenvolvem devido ao processo inflamatório exagerado, em que há perda do balanço entre biosíntese e apoptose.

Relato de Caso

Paciente feminina, 66 anos, foi encaminhada pelo otorrinolaringologista ao cirurgião plástico em função de cicatriz hipertrófica em vestíbulo nasal bilateral de difícil manejo. História médica pregressa de osteoma nasal gigante, com exérese realizada em março de 2017. Dois meses após a cirurgia, a paciente começou a apresentar cicatrização hipertrófica em ambos os vestíbulos nasais. Foi prescrita infiltração com triancinolona e com molde de silicone. Apesar de estável, não obteve resposta favorável ao tratamento. Após 4 sessões de infiltração e uso do molde (Foley 14), persistia a obstrução nasal. Em nova consulta apresentava colapso dos tecidos na ponta nasal, cicatriz hipertrófica com fechamento quase completo das narinas, sendo indicada cirurgia para dilatação. Com seis meses de evolução, apresentou-se com hiperemia característica da imaturidade do processo cicatricial, mas com uma boa abertura dos vestíbulos relatando melhora significativa para respirar, usando com folga o molde (Foley 24). Em consulta de revisão ainda apresentava cicatriz hipertrófica em ambas as fossas nasais. Devido à evolução satisfatória, seguiu-se o tratamento com molde maior (dreno de tórax pediátrico). Contudo, esse não apresentou boa aceitação da paciente devido ao desconforto e pequeno sangramento local. Após adaptação, conseguiu utilizar o molde com sucesso mas ainda apresentava estenose parcial dos vestíbulos, com certa restrição da passagem do ar. Após encaminhamento para a cirurgia plástica, foi decidido uma abordagem cirúrgica de reconstrução da válvula nasal externa com enxertos compostos de pele e cartilagem auricular. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória, com cicatrização adequada e sem retrações após 8 meses da cirurgia, recebendo alta do ambulatório da cirurgia plástica e reparadora.

Discussão

O tratamento das cicatrizes hipertróficas ainda é extremamente complexo e traz consigo muitos questionamentos. Diversas técnicas podem ser empregadas de acordo com a realidade na qual o médico e o paciente estão inseridos, local da lesão, individualização do caso. A cirurgia como monoterapia, em geral, possui uma alta taxa de recidiva, porém nesse caso se mostrou extremamente satisfatória, demonstrando o quanto é importante levar em conta os diversos aspectos de cada caso para se determinar a conduta.

Palavras Chave

Cicatriz Hipertrófica, Osteoma Nasal Gigante, Cirurgia Reparadora, Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Área

CIRURGIA PLÁSTICA

Instituições

Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Giovanna Drummond Blanco, Julia Formentti Carrer, Miguel Siqueira Teixeira, Douglas Alexander Mutschall, Mariana dos Santos Neis, Diego Ilha Thomasi, Bruna Zanette Aragão, Diogo de Araújo Medeiros