Dados do Trabalho

Título

Retenção urinária aguda no transplantado renal: impacto na função do enxerto

Introdução

A hiperplasia benigna da próstata é frequente em idosos com doença renal crónica. Embora seja assintomática porque o fluxo de urina diminui nos doentes com insuficiência renal crónica, pode tornar-se sintomática quando o fluxo de urina aumenta após o transplante renal.
Pretendeu-se identificar fatores preditivos de retenção urinária aguda após o tranplante renal e o impacto deste evento agudo na função renal aos 6 meses após o transplante.

Material e Método

Analisou-se retrospectivamente 303 homens submetidos a transplante renal entre janeiro de 2015 e dezembro de 2018. Foi aplicada uma regressão logística para identificar fatores preditivos de retenção urinária aguda. Recorreu-se ao teste de Mann-Whitney na comparação da taxa de filtração glomerular aos 6 meses após o transplante.

Resultados

Verificou-se que a obesidade, excesso de peso, diabetes mellitus, hipertensão arterial, doença arterial periférica, história de evento trombótico ou a causa de doença renal crónica (nefropatia diabética, malformação congénita do tracto urinário) não foram fatores preditivos. O diagnóstico prévio de hiperplasia benigna da próstata, bem como a toma de α-bloqueadores ou inibidores de 5-α-redutase não foram fatores preditivos. O único fator preditivo foi a idade do receptor (p=0,046; B=0,057; Exp(B)=1,058(1,001-1,119)).
A taxa de filtração glomerular na consulta aos 6 meses do transplante é significativamente inferior no grupo de sofreu um episódio de retenção urinária aguda (p=0,001).

Discussão e Conclusões

Embora as principais razões de perda da função do enxerto renal sejam rejeição e infecções, patologias obstrutivas devem ser consideradas. Principalmente em idosos, a anamnese, a urofluxometria e o toque rectal desempenham papéis críticos na avaliação da hiperplasia benigna da próstata antes e após o transplante.

Palavras Chave

retenção urinária; TFG