Dados do Trabalho

Título

LEISHMANIOSE VISCERAL EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL(RTx) EM UM CENTRO DE TRANSPLANTES DE ÁREA NÃO ENDÊMICA

Introdução

Leishmaniose visceral (LV) é uma doença fatal, infrequente em RTx. A literatura relata 137 casos, 57 deles no Brasil.

Material e Método

Análise retrospectiva dos prontuários dos RTx com LV confirmada em um centro não endêmico entre 2010 e 2019.

Resultados

Dos 896 RTx em acompanhamento foram encontrados 6 casos (prevalência 0,66%), 50% homens, 67% caucasianos, 50% diabéticos, idade 46 ± 10 anos, 5 RTx de doador falecido, com 42 ± 44 meses (m) pós-Tx na época do diagnóstico. Todos recebiam tacrolimo, 50% micofenolato e 83% prednisona. Os sinais/sintomas mais comuns foram hepatoesplenomegalia (83%), febre (50%) e emagrecimento (33%), associada a pancitopenia (86%) e piora de função renal (FR) em 67% dos casos. O diagnóstico foi confirmado por mielograma (33%) e/ou por sorologia (66%) ou presença de Leishmania na biopsia duodenal (n=1). A escolha terapêutica foi Anfotericina B lipossomal (ABL) em todos os casos (66% na dose de 3mg/kg/dia por 7 dias e 33% na dose de 4mg/kg/dia por 5 dias). Injúria renal aguda (IRA) ocorreu 100% RTxR durante o tratamento (aumento da creatinina em 2,5 vezes em relação à basal), dialítica em apenas 1 caso, mas todos com recuperação total da FR 6m após termino ABL. Recidiva de LV ocorreu em 2 casos após 31 ± 40m, ambos confirmados por sorologia e tratados com ABL. Nenhum óbito ou perda de enxerto ocorreram no seguimento de 61 ± 27m.

Discussão e Conclusões

LV deve constar do diagnóstico diferencial de febre de origem indeterminada e/ou pancitopenia em RTx, inclusive em área não endêmica. Em nossa casuística, a terapêutica com ABL foi eficiente, apesar IRA, mas sem impacto no desfecho dos casos.

Palavras Chave

leishmaniose visceral
leishmaniose
receptor de transplante renal
transplante renal
anfotericina
complicação infecciosa pós-transplante
área não endêmica
pancitopenia
febre de origem indeterminada