Pielonefrite fúngica do enxerto renal: um desafio que vale a pena?
A incidência de candidíase do enxerto renal é rara, não muito bem documentada e com prognóstico sombrio para o enxerto.
Foi realizada descrição caso e revisão bibliográfica na base de dados do Embase
Paciente feminina 39 anos, doença renal crônica de causa indeterminada submetida a transplante renal com doador falecido que evoluiu com função imediata do enxerto. A imunossupressão inicial com timoglobulina, tacrolimo, prednisona e azatioprina. Durante internação apresentou febre e disfunção renal grave. Iniciou-se antibioticoterapia e realizada biopsia renal. Paciente manteve-se febril quando hemocultura evidenciou Cândida Glabrata, sendo iniciado Anfotericina B. Afastado endoftalmite, porém ecocardiograma evidenciou endocardite de válvula mitral e biópsia revelou pielonefrite histológica com pesquisa de fungo positivo. Optado por suspensão da imunossupressão e mantido terapia de amplo espectro com Meropenem, Vancomicina e Micafungina por 4 semanas. Paciente evoluiu com recuperação da função renal, porém mantendo-se febril até a sexta semana. Neste período realizou-se novo screening com ecocardiograma e fundo de olho ambos negativos e hemoculturas e uroculturas de vigilância negativas e função renal normal, porém nova biópsia renal de controle mantendo a pielonefrite. Optado por tratamento estendido por 12 semanas com Micafungina. Paciente evoluiu estável sem disfunção do enxerto sendo acompanhada ambulatorialmente, sem novos episódios de infecção, optado por retorno progressivo da imunossupressão. Após um ano de seguimento paciente e enxerto estáveis com creatinina de 1,6.
O prognóstico de infecções fúngica do enxerto é geralmente a enxertectomia. Descrevemos um caso de evolução favorável após terapia prolongada com antifúngicos.
pielonefrite, cândida, ITU
Infecção
santa casa de feira de santana - Bahia - Brasil
EDVALDO ALVES COSTA NETO, TULIO COELHO CARVALHO, MARLENE ANTONIA DOS REIS, FERNANDA PITA MENDES DA COSTA