RISCOS DO IMPLANTE ROTINEIRO DE CATETER DUPLO J EM TRANSPLANTE RENAL
Uma das principais complicações no transplante renal é estenose ureteral, usualmente prevenida pelo implante do cateter Duplo J. Contudo, a sua colocação rotineira é discutível devido o aumento na incidência de infecções. Não há consenso da relação entre a utilização do cateter duplo J com possível aumento de pielonefrite com necessidade de hospitalização, o que será avaliado no presente estudo.
Estudo retrospectivo de 184 transplantes renais no Hospital da PUCRS entre 2015, quando duplo J foi implantado rotineiramente, e 2016, quando foi suspenso o seu uso. Foram avaliadas características dos pacientes, pielonefrite aguda nos primeiros 30 dias após transplante, episódios de pielonefrite que necessitaram internação e sobrevida de enxerto e pacientes
Foram implantados cateter de duplo J em 101 pacientes (54,9%), não havendo diferenças quanto ao tipo de transplante, sexo do receptor, idade, imunossupressão e DGF entre os grupos. Pielonefrite aguda ocorreu em 25 e 15 casos (p=0,288) e pielonefrite nos primeiros 30 dias em 13 e 6 casos (p=0,234) nos grupos com e sem duplo J, respectivamente. Não houve diferenças na ocorrência de fístula urinária ou estenose de ureter entre os grupos. No entanto, perda do enxerto em 12 meses foi significativamente maior nos pacientes que implantaram duplo J (n=14 vs. 3, p=0,02), sendo a principal causa de perda infecção. Ocorrência de morte foi superior no grupo com duplo J, porém sem significância estatística (15 vs. 6, p=0,161).
O uso rotineiro de duplo J em transplantados não parece estar associado à ocorrência de pielonefrite aguda ou complicações urológicas, mas em risco maior de perda de enxerto e mortalidade. Sugere-se reservar o uso do cateter para situações em que seja imprescindível.
Transplante renal, duplo J, pielonefrite aguda
Rim
Hospital São Lucas PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil
Leonardo Viliano Kroth, Florência Ferreira Barreiro, Moacir Alexandre Traesel, Gabreille S Behenck, Alessandra C R Lança, Kelvin Búrigo, Carlos Eduardo Poli-de-Figueiredo