Tolerabilidade do micofenolato de sódio em receptores de transplante renal
O micofenolato sódico (MPS) é um pró-fármaco antiproliferativo amplamente utilizado na profilaxia de rejeição aguda, mas limitado pelos eventos adversos, principalmente gastrointestinais. A modificação da posologia do MPS pode aliviar os sintomas, porém podem resultar em níveis subterapêuticos e aumentar o risco de rejeição aguda.
Este estudo tem como objetivo avaliar a tolerabilidade do MPS associado ao tacrolimo e prednisona em receptores de transplante renal (RTR).
Estudo retrospectivo de uma coorte de RTR com doadores vivo ou falecido realizados entre 01/01/2007 e 31/12/2011 com 3 anos de seguimento, classificados em 5 subgrupos conforme a modificação (redução transitória (RT), redução definitiva (RD), interrupção transitória (IT), interrupção definitiva (ID) e sem modificação).
Dos 506 pacientes incluídos, 50,2% não toleraram o uso do MPS e a modificação de dose ocorreu principalmente no 1º semestre pós-transplante (78,7%). Os principais eventos adversos que levaram à modificação da dose do MPS foram diarreia (RT=46,4%, RD=47,3%, IT=41,7% e ID=37,1%), infecção por citomegalovírus (RT=14,3%, RD=10,7%, IT=31,7% e ID=24,1%) e leucopenia (RT=7,1%, RD=17,9%, IT=8,3% e ID=11,1%). Em geral, as sobrevidas do paciente e do enxerto censorada pelo óbito foram 91,1% e 91,7%.
A maioria das modificações de dose do MPS ocorreu no início do Tx e 65% deles foram alterações definitivas. Mais de 92% dos casos foram relacionados a eventos adversos gastrointestinais, infecciosos e hematológicos. Essa população mostrou que falta de tolerabilidade ao MPS foi frequente e associada a maior incidência de rejeição aguda, perda do enxerto e morte até 3 anos após o transplante.
transplante renal; micofenolato de sódio; tolerabilidade
Rim
Hospital do Rim - Discplina de Nefrologia - UNIFESP - São Paulo - Brasil
Liliane Lumi Hiramato, Claudia Felipe, Helio Tedesco-Silva, Jose Medina-Pestana