Nefropatia associada ao Vírus do Polioma - estratégias terapêuticas - a experiência de um serviço ao longo de 20 anos
A nefropatia associada ao Vírus do Polioma (PVAN) ocorre em 1-10% dos transplantes renais e associa-se à perda de enxerto em 80% dos casos. O vírus BK é a principal etiologia, mas os vírus JC e SV40 também se associam. O factor de risco mais importante é a imunossupressão excessiva, mas características imunológicas do receptor e do agente interagem (presença de incompatibilidades HLA, idade>50 anos, sexo masculino, diabetes, infecção CMV). Estratégias para tentar controlar a PVAN incluem alteração ou diminuição dos inibidores da calcineurina e micofenilato de mofetil, imunomodulação com utilização de imunoglobulina humana ou leflunomida, antibioterapia ou uso de antiretrovirais.
Os autores descrevem as estratégias utilizadas no tratamento de 7 doentes com PVAN confirmada por biópsia de enxerto, bem como a sua apresentação e evolução.
Amostra composta por 5 homens e 2 mulheres com idades entre os 24 e os 65 anos. A PVAN foi diagnosticada entre o 2º e o 24º mês. Todos os doentes se encontravam sob terapêutica tripla, tendo sido administrado timoglobulina em 3. Nos 4 doentes que mantém enxerto funcionante (creatinina média de 1,9mg/dL aos 12 meses) a abordagem consistiu na diminuição/suspensão de MMF, diminuição da dose de inibidor da calcineurina ou conversão a iMTOR, administração de imunoglobulina humana (dose cumulativa 2g/kg) e ciprofloxacina (esta última apenas em 3 dos 4). Nenhum destes doentes apresentou evidência de rejeição. 3 doentes perderam o enxerto e todos apresentavam evidência de rejeição aguda no momento da biópsia ou nos meses anteriores e tinham sido submetidos a pulsos de corticoterapia.
O principal factor de prognóstico pareceu ser a presença de rejeição. Nos restantes, foi possível reduzir a imunossupressão com preservação do enxerto.
Polioma, BK
Rim
Hospital Garcia de Orta - - Portugal
Ricardo Macau, Joana Silva, Pedro Bravo, Carlos Oliveira