Pielonefrite Aguda e Sobrevida do Enxerto em Receptores de Transplante Renal
A complicação infecciosa mais comum após transplante renal é a infecção do trato urinário (ITU). Estudos que até o momento abordaram a possível relação entre ITU e a diminuição da sobrevida do enxerto renal produziram resultados conflitantes. O objetivo deste estudo foi analisar a possível associação entre a ocorrência de pielonefrite aguda (PNA) e a sobrevivência do enxerto em um centro nacional.
Estudo retrospectivo de uma coorte de pacientes submetidos o transplante renal no período de setembro de 2001 a maio 2009 e seguidos até dezembro de 2015 no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). A análise dos fatores associados a falência do enxerto foi realizada pelo método de Cox, sendo a PNA modelada como variável tempo-dependente.
Quinhentos e oitenta e sete indivíduos foram incluídos no estudo e seguidos por um total de 41.068 pacientes-mês. Ocorreram 173 episódios de pielonefrite em 112 (19%) receptores. Ocorreu falência do enxerto em 150 (25,1%) pacientes. Na análise multivariada, os fatores associados a diminuição de sobrevida do enxerto foram: idade do receptor (hazard ratio [HR]: 0,97 por ano; IC 95%: 0,96 - 0,99; p<0,01), função retardada do enxerto (HR: 2,42; IC 95%: 1,717 - 3,39; p<0,01), rejeição aguda (HR: 2,71; IC 95%: 1,92 - 3,82; p<0,01). Não houve associação significante entre PNA e a sobrevida do enxerto renal (HR: 1,05; IC 95%: 0,65 - 1,68 p= 0,85).
Neste estudo, não foi observada associação entre pielonefrite aguda e redução da sobrevida do enxerto renal. Os fatores significantemente associados com menor sobrevida do enxerto renal foram: idade mais baixa do receptor, função retardada do enxerto e rejeição aguda.
infecção do trato urinário, pielonefrite aguda, transplante renal, sobrevida do enxerto
Rim
UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil
Juliana Souza Lapa, Márcia Halpern, Aline Caldi Rodrigues, Nathalia Pereira Paes Sá, Alberto Santos de Lemos, Renato Torres Gonçalves, Guilherme Santoro-Lopes